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Papa Francisco afirma que transexuais "são filhos de Deus"

Sobre a guerra na Ucrânia, o papa afirma que em Kiev "persiste a ideia da vitória sem optar pela mediação" Gerardo Santos/Global Imagens

O chefe da Igreja Católica considera que a Igreja não está preparada para um Concílio Vaticano III.

O papa Francisco afirmou numa entrevista que os transexuais são "filhos de Deus" e referiu que o Vaticano pretende nomear um representante permanente que "faça a ponte" entre Moscovo e Kiev sobre o regresso de crianças ucranianas deportadas.

Numa entrevista à publicação espanhola Vida Nueva Digital, conduzida antes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas só esta sexta-feira divulgada, o papa Francisco referiu que lhe "atiram à cara" que recebe transexuais nas audiências gerais.

O líder da Igreja Católica disse que quem costuma levar transexuais às audiências é uma monja francesa que pertence à fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, fundadas por Charles de Foucauld, que vive num circo e se dedica aos transexuais.

"Da primeira vez que as trouxe, as raparigas saíram a chorar. Deram-me a mão e disseram: 'Dei a mão ao papa e deu-me um beijo'. Vocês são filhas de Deus: (...) continua a amar-vos como são", afirmou o papa.

Nesta entrevista, o papa Francisco considerou também que a Igreja não está preparada para um Concílio Vaticano III, acrescentando que também não é "necessário neste momento, uma vez que ainda não está em marcha o Concílio Vaticano II".

"Este foi muito arriscado e há que pô-lo em marcha. Mas existe sempre o receio, que nos contagiou a todos, de forma velada, por parte dos velhos católicos que, já no Vaticano I, se designavam como depositários da verdadeira fé. (...) É importante sair ao encontro dos sofismas", disse.

Sobre a guerra na Ucrânia, o papa afirmou que o seu enviado especial ao conflito, o cardeal Matteo Zuppi, foi a Kiev, onde "persiste a ideia da vitória sem optar pela mediação".

"Também esteve em Moscovo, onde encontrou uma atitude que podíamos qualificar como diplomática por parte da Rússia. O avanço mais significativo que se alcançou tem a ver com o regresso das crianças ucranianas ao seu país", sublinhou.

O papa referiu que o Vaticano está a fazer "tudo o que estiver ao seu alcance para conseguir que cada parente que reclame o regresso dos seus filhos o consiga".

"Para tal, estou a pensar em designar um representante permanente que sirva de ponte entre as autoridades russas e ucranianas. Para mim, no meio da dor da guerra, é um grande passo", referiu.

O representante máximo da Igreja acrescentou ainda que, após a visita do cardeal Zuppi a Washington, a sua próxima escala prevista é em Pequim, salientando que os Estados Unidos e a China têm "a chave para baixar a tensão do conflito".

"Todas estas iniciativas são o que eu denomino como uma ofensiva de paz", disse.

Lusa