Banqueiros alertam que "incerteza não faz bem à economia" e deixam recado a Marcelo: "país tem de ser rápido a reagir".
Os responsáveis pelos bancos portugueses manifestaram, esta quinta-feira, na 7.ª edição da Money Conference, preocupação com a instabilidade política que o país enfrenta e esperam uma resposta rápida, para que a economia não se junte ao cenário de incerteza.
"Espero muito sinceramente que o consenso prevaleça. A incerteza não faz bem à economia, num país pequeno que precisa de muita transformação", começou por considerar o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, esta manhã no primeiro debate do evento promovido pela TSF e Dinheiro Vivo - "O desafio da Inteligência Artificial no futuro da banca".
Com a discussão aberta, o CEO do Millennium BCP, Miguel Maya, acrescentou que "não é o facto em si que altera a perceção, mas as consequências. (...) Isto é inegável".
"Não é pelo facto de o primeiro-ministro se demitir que há uma degradação, mas se o país não for rápido a reagir, não tenho dúvida nenhuma de que é isso que vai acontecer", defendeu.
Paulo Macedo da Caixa Geral de Depósitos reiterou que "não se deve acrescentar incerteza à incerteza" e, por isso, defende a aprovação do Orçamento do Estado para 2024.
"Não se deve parar a diminuição de impostos, também o aumento de salários da função pública. Eu pessoalmente gostaria de ver tudo acautelado", disse Paulo Macedo, acrescentando que uma crise política célebre serão no mínimo quatro meses.
"Quatro meses pode ser um tempo curto ou uma imensidão", reforçou.
Por outro lado, o CEO do Santander, Pedro Carlos Almeida, está preocupado com as consequências a médio e longo prazo, entendendo então que "o que deveria ser aprovado são questões de aumento de pensões e redução do IRS".
"Estamos numa altura em que temos quase medo de acordar de manhã. Qual será a próxima bomboca em cima da mesa?", rematou o presidente do Montepio, Pedro Leitão, preocupado com o decréscimo dos volumes de créditos que os bancos já estão a sentir.
No debate "A política monetária e os desafios da Inteligência Artificial no futuro da banca", com a moderação da diretora de Informação da TSF, Rosália Amorim, os representantes dos bancos admitiram manter as políticas dos dividendos até agora adotadas, considerando que "aconselhar prudência, toda a gente o faz".
O Fundo Monetário Internacional recomendou, na quarta-feira, os bancos portugueses a evitar canalizar para dividendos a totalidade dos lucros, que estão a aumentar, pedindo antes reforço das reservas de capital como "almofada" perante eventual aumento do malparado e das falências.
A Money Conference termina às 13h00 desta quinta-feira com o debate sobre o impacto do ChatGPT, AI e ESG no setor financeiro, moderado pelo diretor do Dinheiro Vivo, Bruno Contreiras Mateus.