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Quando "nostalgia é negócio" e a "magia dos pueris" está "em extinção": Regresso Ao Futuro volta ao grande ecrã após 40 anos

© 1985 Universal/IMDB

Crítico de cinema Rui Pedro Tendinha considera que Hollywood descobriu o negócio da nostalgia

O filme "Regresso ao Futuro" volta esta quinta-feira às salas de cinema, para assinalar os 40 anos da película que, com Michael J. Fox e Christopher Lloyd, marcou gerações.

A obra, realizada por Robert Zemeckis, e produzida por Steven Spielberg, acompanha a história de um jovem de 17 anos, protagonizado por Michael J. Fox, que viaja até ao passado numa máquina do tempo construída por um cientista, protagonizado por Christopher Lloyd.

A película chega aos grandes ecrãs numa versão em que a imagem tem melhor qualidade do que a apresentada há 40 anos.

Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, e autor do programa TSF Cinema, considera que este regresso às salas de cinema de um filme que estreou há quatro décadas pretende trazer novos olhares para este filmes, sem esquecer a questão financeira.

"Hollywood, sobretudo os grandes estúdios, descobriram que a nostalgia é negócio. Cada vez mais, a geração de 80 quer agora saudar esse impacto com o passado e essa nostalgia. E esses filmes, sobretudo produzidos por Steven Spielberg, aproximam-se de datas icónicas. Este "Regresso Ao Futuro" faz 40 anos. E, cada vez mais, esses filmes vão ser celebrados nesta década. [...] Essa celebração tem dois binómios: a questão do dinheiro que se faz, e depois formar novos olhares. É ótimo reencontrar, sobretudo num jovem espectador, a magia desses filmes tão pueris. E eu sublinho a palavra pureza" destaca Rui Pedro Tendinha.

No filme "Regresso Ao Futuro", Marty McFly (Michael J. Fox) viaja até 1955, onde se cruza com os pais, na juventude, e acaba por interferir, acidentalmente, no encontro destes, o que coloca em causa a sua própria existência. A história obriga o protagonista a fazer, depois, tudo para que o romance entre os pais aconteça, ao mesmo tempo que procura uma forma de regressar a 1985.

"Estas celebrações fazem-nos ficar um pouco mais velhos, mas, por outro lado, é um prazer e, sobretudo, para quem tem filhos, poder levar os filhos, uma outra geração, aos cinemas. [...] Hollywood já não tem estes filmes para dar aos adolescentes e aos jovens espectadores. Quase apetece dizer que é nestas reposições que está o ganho. Ou seja, o entretenimento mudou, virou um pouco mais para as franjas do terror, e para outro tipo de ficção científica. E este tipo de ficção científica e de filmes de aventuras para a grande família, estão em vias em extinção", acrescenta o crítico Rui Pedro Tendinha.

O "Regresso ao Futuro" foi nomeado para quatro óscares - Melhor Edição de Som, Melhor Argumento Original, Melhor Som e Melhor Canção Original - e acabou por receber a estatueta dourada para a edição de som. No site IMDB, a maior base de dados online sobre cinema, séries de TV, música e jogos, o filme ocupa a 30.ª posição no ranking dos melhores de sempre.

A dupla de atores Michael J. Fox e Christopher Lloyd protagonizou os dois filmes seguintes da série: "Regresso ao futuro" II e III.

David Alvito