Política

"Sistema pode ficar em causa." Gouveia e Melo quer proteção do segredo de justiça e da presunção de inocência

Foto: André Kosters/Lusa (arquivo)

"Há uma pessoa que é escutada, quer aceder ao seu processo, não consegue aceder ao seu processo. E depois, num jornal, vêm as escutas todas. Há qualquer coisa que está errada neste reino", referiu o candidato presidencial

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo reafirmou esta quinta-feira a necessidade da defesa do segredo de justiça e da presunção de inocência, sob pena do "sistema poder ficar em causa".

Em Porto de Mós, no distrito de Leiria, à margem de uma visita à empresa Vasicol, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada estranhou os contornos das fugas de informação na Operação Influencer:

"O que é estranho? Há uma pessoa que é escutada, quer aceder ao seu processo, não consegue aceder ao seu processo. E depois, num jornal, vêm as escutas todas. Há qualquer coisa que está errada neste reino", declarou.

Gouveia e Melo defende a necessidade de "os atores que fazem parte do sistema" terem de "fazer verdadeiramente uma séria reflexão sobre isto".

"Nós precisamos de proteger o segredo de justiça, a presunção de inocência. E nós não podemos ser julgados em praça pública por fugas de informação. Porque é muito difícil recuperar a reputação. A reputação é das coisas mais importantes que temos de preservar", acrescentou.

Em Porto de Mós frisou a necessidade dos candidatos presidenciais terem "coragem" e não "fingir que as coisas não acontecem".

"Não podemos andar em conversas circulares. Isto [fugas no sistema de justiça] exige coragem para dizer: "isto está mal e tem que ser mudado"", disse.

Henrique Gouveia e Melo teme que "se os próprios atores que fazem parte do sistema não mudarem", haverá consequências.

"Se não fizermos qualquer coisa para mudar isto, essa confiança [no estado de direito] pode ficar em causa. E é isso que nós temos que alterar".

Nesta primeira ação de campanha do dia, o candidato falou ainda da possibilidade de criação, pelo Governo, da criação de uma bolsa escolar máxima para estudantes do ensino superior de agregados familiares com rendimentos abaixo do limiar da pobreza:

"O princípio é bom, haver bolsas para os mais pobres. A questão é, serão essas bolsas suficientes para fazer a diferença para uma pessoa que é realmente pobre? Com essa bolsa consegue sustentar-se e fazer o seu curso superior? Esse é que é o problema".

Gouveia e Melo considera que o valor anunciado - 1.045 euros anuais - "é uma pequena ajuda, mas não faz a diferença".

"Acho que é verdadeiramente insuficiente. Eu falo muito sobre o que são as medidas demagógicas, são as medidas que ficam bem nas televisões, nos telejornais, mas há uma diferença entre essas medidas e aquelas verdadeiramente que fazem a diferença", criticou.

TSF/Lusa