Portugal

Sindicatos reprovam decisão do Governo sobre tolerância de ponto

O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) diz que mais uma vez são os funcionários públicos o alvo dos sacrifícios. A FESAP e a Frente Comum lembram um outro Carnaval, em que Cavaco Silva, então primeiro-ministro tomou a mesma decisão.

As estruturas que representam os funcionários públicos reprovam a decisão do Governo de não dar tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval. Pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, o dirigente Bettencourt Picanço diz que os problemas do país não se resolvem desta forma.

«É uma decisão que vem na cena daquilo que o Governo tem feito nos últimos tempos, isto é, os trabalhadores são aqueles que pagam a factura do défice, são os culpados pela falta de produtividade. Ao fim ao cabo, os trabalhadores estão cá para trabalhar mais e ganhar menos, e quanto a feriados e férias há que reduzidos», contestou.

«Se o Governo entende que é por aqui que vai salvar o défice e resolver os problemas do país, estamos conversados», vincou Bettencourt Picanço.

Nobre dos Santos, da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), considera que esta tomada de posição é demagógica e que prejudica a economia nacional. O dirigente da FESAP compara ainda esta decisão ao episódio que é tido como o início do fim do cavaquismo.

«É preciso recordar a última vez que não foi dada tolerância de ponto aos cidadãos, que aconteceu no tempo do primeiro-ministro Cavaco Silva. É também bom lembrar que não dar esta tolerância de ponto aos trabalhadores não é só prejudicial para os trabalhadores, mas também para a economia nacional, nomeadamente nas cidades e localidades onde se comemora o Carnaval», sublinhou Nobre dos Santos, acrescentando que «esta tomada posição é demagógica»

Para Ana Avoila, da Frente Comum dos sindicatos da função pública, a terça-feira gorda será mais um dia para o FMI e diz que a decisão de Pedro Passos Coelho se enquadra no espírito da época.

«Estão mesmo a brincar ao Carnaval com os trabalhadores da administração pública, só podem, porque depois daquilo que têm feito e daquilo que vão fazer, vêem com desculpas. É mais um dia para o FMI, mais uns quantos milhões. Nós não aceitamos isso, lembramos que Cavaco Silva quando foi primeiro-ministro também fez isso e é bom que Passos Coelho vá ver a reacção que os trabalhadores tiveram na altura», lembrou Ana Avoila.

O primeiro-ministro anunciou, ao início da noite, que este ano não haverá tolerância de ponto no Carnaval.