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Jornalistas franceses relatam uso de armas químicas na Síria (vídeo)

Síria DR/Le Monde/Laurent Van der Stockt

Dois repórteres do jornal Le Monde afirmam que o exército sírio recorreu a armas químicas contra os rebeldes que controlam os arredores de Damasco.

Os enviados especiais do Le Monde «foram testemunhas durante dias a fio» da utilização de explosivos químicos e dos seus efeitos nos combatentes na frente de Jobar, «bairro à saída de Damasco onde a rebelião penetrou em janeiro», escreve o repórter Jean-Philippe Rémy.

A 13 de abril, o fotógrafo Laurent Van der Stockt viu também os combatentes «começarem a tossir, depois a colocarem máscaras de gás, sem pressa aparentemente, mas, na realidade, já expostos. Os homens agacham-se, ficam sufocados, vomitam».

Os jornalistas recolherem igualmente testemunhos da utilização destes produtos «num círculo mais largo» em redor da capital síria.

Num vídeo filmado por Laurent Van der Stock, combatentes e médicos falam dos sintomas provocados por estes produtos: dificuldades respiratórias, dores de cabeça, pupilas contraídas, náuseas.

«Se não são assistidos imediatamente, morrem», testemunha sob anonimato um médico do hospital Al-Fateh de Kaffer Battna, no reduto rebelde na região de Ghutta, às portas de Damasco.

Foram feitas análises (das vítimas) e decorrem investigações, afirmam os médicos.

«Os gases são utilizados nas frentes de forma pontual, evitando lançamentos massivos que constituiriam facilmente provas irrefutáveis», escreve Jean-Philippe Rémy, enquanto o regime sírio nega a utilização de armas químicas.

O artigo cita também «uma fonte ocidental bem informada», segundo a qual o poder sírio recorre «a misturas de produtos, nomeadamente com gás lacrimogéneo para confundir pistas e a descoberta de sintomas».

A ONU lançou um novo apelo, na quarta-feira, a Damasco para deixar os seus peritos em armas químicas investigar na Síria, tendo em conta «as informações cada vez mais numerosas» sobre o emprego dessas armas no conflito.

Porém, Nikolai Patruchev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, disse hoje não existirem provas de que o regime do Presidente russo, Bashar al-Assad, empregou armas químicas contra a oposição armada.

Lusa/Le Monde