Política

Portas escusa-se a falar sobre crise política

Paulo Portas durante a sua presença na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros Global Imagens/João Girão

PCP e Bloco de Esquerda foram os únicos que tentaram fazer Paulo Portas falar sobre a atual crise política em Portugal. O PS nunca o questionou sobre a sua demissão do cargo de chefe da diplomacia portuguesa.

O ministro demissionário dos Negócios Estrangeiros não falou sobre a crise política em Portugal durante as quatro horas que esteve esta quinta-feira na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros.

Sem se referir à carta de demissão que apresentou e nunca explicando qual o alcance da palavra «irrevogável» que usou nessa missiva, Paulo Portas acabou por ver o PS a não o questionar sobre este assunto.

Apesar de a socialista Maria de Belém Roseira nunca ter questionado Portas sobre a crise política, a Esquerda não perdeu a oportunidade de introduzir o assunto na discussão.

«Todos percebemos pela intervenção do senhor ministro, que foi aqui um bocadinho aos restos. Fez uma intervenção um bocadinho sui generis e cheira um bocadinho a fim de ciclo», notou o comunista Bernardino Soares.

Depois, o líder parlamentar do PCP classificou como «absolutamente intolerável esta novela» e considerou que se «atingiu um ponto insuportável».

«Seria inimaginável que o senhor estivesse nesta comissão e na Assembleia da República e simplesmente ignorássemos o que se passa lá fora», acrescentou a bloquista Helena Pinto.

Na resposta, Paulo Portas limitou-se a recordar que, nas suas vindas a esta comissão, «ao fim de um certo tempo, as questões de Negócios Estrangeiros perdem rapidamente o seu lugar e dão lugar a outras».

«O que só pode dizer que as questões dos Negócios Estrangeiros nem são muito controversas nem a sua equipa que está nas Necessidades há de ter feito as coisas muito mal para ser tão pouco o empenho em fazer tão pouca pergunta ou fazer muita crítica e rapidamente derivar para outras coisas», frisou.

Contudo, Helena Pinto lembrou a Paulo Portas que «mais tarde ou mais cedo vai ter de explicar ao país o que é irrevogável e o que é dissimulação».