O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que o Governo criou propositadamente as condições para que o Tribunal Constitucional chumbe a proposta do orçamento.
Em declarações à agência Lusa, Diogo Freitas do Amaral disse que o Governo está «a agravar aceleradamente a tomada destas medidas [do Orçamento do Estado], que são todas inconstitucionais, para criar um conflito grave com o Tribunal Constitucional e, a partir daí, poder demitir-se e exigir eleições».
O antigo político, que sublinha a condição de «cidadão reformado», criticou fortemente a proposta de nova tabela salarial para os funcionários públicos, afirmando que ela é «discriminatória, injusta e ofensiva, por impor maiores reduções de salários ao funcionalismo intermédio do que aos escalões superiores».
Numa declaração à Lusa em que apenas aceitou responder a uma pergunta, Freitas argumentou que a lei «não é proporcional nem progressiva, é regressiva» e acrescentou que «visa aprofundar a destruição das classes médias». Ora, prosseguiu, «sem classes médias fortes e com boas perspetivas de futuro, é a própria democracia que fica em perigo».
Para o antigo governante, «é altura de dizer basta e de fazer este governo recuar», porque «a continuar por este caminho, qualquer dia temos aí uma ditadura».