O PSD acusou hoje o PCP de querer envolver o Presidente da República, Cavaco Silva, em «manobras partidárias» a propósito da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
Na resposta ao requerimento dos comunistas a pedir um depoimento escrito do chefe de Estado, e a que fonte parlamentar do PSD havia já indicado à agência Lusa na sexta-feira que o partido iria votar contra, os sociais-democratas advogam que o Presidente «não tem funções executivas e o parlamento não tem competências para fiscalizar a sua atividade».
O grupo parlamentar do PSD, acrescenta o texto endereçado ao presidente da comissão parlamentar, Fernando Negrão (PSD), considera que o requerimento a pedir um depoimento escrito de Cavaco «não passa de uma tentativa de o envolver em manobras partidárias».
O texto do PCP reclamava que Cavaco Silva prestasse esclarecimentos por escrito sobre reuniões tidas com o ex-banqueiro histórico do BES Ricardo Salgado em 2014.
Também o PS e o Bloco de Esquerda anunciaram que iriam apresentar requerimentos sobre a matéria, mas o voto contra do PSD diz somente respeito ao do PCP, o texto que entrou primeiro na comissão.
À Lusa, na sexta-feira, fonte parlamentar "Laranja" havia descrito como «absolutamente lamentável» que «uma estratégia de lançar a confusão» e «um conjunto de manobras de diversão» de Ricardo Salgado tenha «vindo a ser seguida pelos partidos da oposição».
O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os "riscos sistémicos" envolvendo o GES e o BES, disse o ex-banqueiro em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito.