Artes

«Até sempre, Manoel Cândido»: a despedida de Leonor Silveira

D.R.

«Eu era uma atriz improvável. Hoje ele é o meu Mestre e eu a sua musa». Leia a despedida da atriz Leonor Silveira ao realizador que conheceu aos 17 anos. Ela tornou-se um ícone na filmografia de Manoel de Oliveira.

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«O Manoel cruzou a minha vida aos 17 anos de forma inesperada e avassaladora. Este encontro determinou o meu rumo pessoal e profissional e, acima de tudo, moldou a minha identidade.

Com ele aprendi a gostar de cinema, a reconhecer o belo e a pensar no poder do tempo. O Manoel desafiou o tempo, desafiou o grande deus Kronos na sua vida e no seu trabalho. O tempo que ciclicamente viu diferentes governos, diferentes gerações, diferentes correntes artísticas, os mesmos erros, os mesmos encantamentos. Sempre faminto de mais vida.

O tempo também deu ao Manoel a sabedoria para não se deixar quebrar pelas tristes repetições da história, sem permitir que o mundo se esqueça que na liberdade criativa não há espaço para concessões.

O meu amor pelo Manoel transcende a partilha artística. Esta é uma perda insuperável mas a memória que me deixa será sempre feliz.

Eu era uma atriz improvável. Hoje ele é o meu Mestre e eu a sua musa.

Até sempre Manoel Cândido».

Leonor Silveira

2 de Abril de 2015