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Grécia aceita quase todas as imposições dos credores, mas não convence a Alemanha

Yannis Behrakis/Reuters

A Grécia prepara-se para aceitar praticamente todas as condições impostas pelos credores internacionais. É o que escreve o Primeiro-Ministro Alexis Tsipras, numa carta enviada à troika, divulgada pelo "Financial Times".

Nessa carta, enviada ontem à noite, mas só divulgada esta manhã pelo jornal britânico, Alexis Tsipras garante que "a República Helénica está preparada para aceitar o acordo proposto, com algumas emendas ou clarificações, como parte da extensão do actual programa de resgate e de um entendimento para um terceiro empréstimo".

Entre as poucas alterações que a Grécia propõe está a manutenção de um desconto de 30% no IVA das ilhas. Trata-se, em muitos casos, de "regiões muito remotas, que são dificeis de abastecer", escreve o chefe do governo de Atenas.

As outras mudanças têm a ver com o sistema de pensões. Tsipras quer que seja adiado para Outubro, o início das alterações com vista a que a idade da reforma chegue aos 67 anos, em 2022. Os credores querem que o sistema comece a ser alterado de imediato.

O primeiro-ministro grego propõe ainda adiar o fim de uma garantia de solidariedade para com os pensionistas com reformas mais baixas. A troika quer que essa garantia termine em 2019.

De acordo com o Financial Times, Alexis Tsipras escreve que "estas emendas são concretas e respeitam em absoluto a solidez e a credibilidade" do programa que está a ser desenhado.

Mesmo assim, não parece convencer os credores. O ministro alemão das Finanças já recusou as novas ideias de Tsipras. Wolfgang Schauble disse, na conferência de imprensa em que apresentou o orçamento de Berlim, que não encontra, na proposta do chefe do governo de Atenas, "qualquer base séria para uma negociação". "Antes de mais, a Grécia tem de ser clara sobre aquilo que quer", diz o ministro alemão, e isso ainda não acontece, desta vez. "Esta proposta não acrescenta clareza" ao que Atenas tem dito até aqui, sublinha Schauble.

Já antes, uma fonte da Zona Euro, citada pela agência Reuters, já tinha dito que a carta de Tsipras "tem alguns elementos que os ministros dificilmente poderão aceitar".