A paixão levou Sandra Santos à arbitragem e agora vai estudá-la com financiamento da UEFA
A árbitra, que divide a vida com a academia, recebeu 15 mil euros da UEFA para expandir um estudo que fez sobre a arbitragem feminina, com foco na incidência e prevenção de lesões.
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Começou a carreira de árbitra em 2009 e três anos depois já pertencia à equipa da Federação Portuguesa de Futebol para a arbitragem. Sandra Santos há muito que concilia o campo com a sala de aula, já que, além de árbitra, é professora na Escola Superior de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Confessa, em entrevista à TSF, que "não é uma tarefa fácil" conciliar esta dupla vida, mas acrescenta que o mais importante "é a paixão que nos move". Sandra Santos não tem dúvidas: "Quando se realiza algo com paixão tudo se torna mais fácil."
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Foi através desse gosto pela profissão que, em 2018, chegou a árbitra internacional assistente. Mas teve de abdicar de assinalar foras-de-jogo ou faltas a este nível para se dedicar, em exclusivo, à investigação académica. Sandra Santos não deixou de arbitrar, apenas o faz em campos nacionais, para poder ocupar-se na academia.
Ironia do destino, ou não, as duas áreas - a investigação e a arbitragem - juntaram-se este ano, já que um trabalho que fez sobre a arbitragem feminina chegou à UEFA. A instituição que gere o futebol a nível europeu atribuiu-lhe um financiamento, na ordem dos 25 mil euros, para poder desenvolver o estudo e facilitar a concretização do que investigou.
"Eu gostaria de perceber a incidência de lesões que têm acompanhado as mulheres árbitras. Se o número de lesões e a sua gravidade tem influenciado a sustentabilidade da carreira feminina na arbitragem e como é que nós conseguimos motivar e criar sustentabilidade nesta carreira que ainda está um pouco fragilizada", explica Sandra Santos, questionada sobre o que a leva a querer desenvolver o estudo.
O projeto incide também sobre as diferenças entre a arbitragem masculina e feminina, nos tópicos da fisionomia e da fisiologia: "Se nós compararmos a mulher e o homem são completamente diferentes. Provavelmente a mulher apresenta um número de lesões menor, comparativamente aos homens. Contudo, quando elas se lesionam, a gravidade é realmente mais severa."
Perceber o porquê faz parte das motivações de Sandra e, para isso, vai recolher dados não só em Portugal como em Espanha. O objetivo é que o projeto esteja concluído daqui a nove meses, para que no final também mais mulheres tenham uma carreira segura no mundo da arbitragem.
"A arbitragem pode ser uma opção de carreira e se as pessoas não experimentarem, não vivenciarem um pouco deste mundo, não vão sentir certamente as sensações que o futebol nos transmite no mundo da arbitragem, porque é um mundo rico também de emoções e de gestão de comportamentos", afirma Sandra Santos.
O desafio está lançado e agora com um projeto que pode ajudar no crescimento do futebol feminino.