Fernando Santos antes do Mundial. Ronaldo a postos, Rafa tem porta aberta e o recurso para o Supremo
Técnico nacional assinala que as portas da seleção "nunca se fecharam a ninguém" sob o seu comando e garante que, se Rafa quiser falar, só precisa de ligar para combinar "a hora e o local".
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O selecionador nacional de futebol, Fernando Santos, deixou esta sexta-feira a porta da seleção aberta para Rafa, jogador do Benfica que renunciou à equipa nacional em setembro e justificou a decisão com a intenção de concentrar-se no clube.
A porta da seleção, ainda assim, não está fechada para o avançado. Em entrevista à SportTV, o selecionador admite até que, se Rafa lhe ligar "para conversar", responderia apenas: "A que horas e em que local?"
Fernando Santos deixa a decisão nas mãos do jogador, mas sublinha que, seja Rafa ou qualquer outro, deve haver uma comunicação "formal" à Federação Portuguesa de Futebol em que fique esclarecida a disponibilidade para representar a equipa.
Rafa, assinalou também, "sempre foi selecionado, esteve no Euro 2020 e na primeira convocatória" depois desse torneio, como já tinha estado presente no Euro 2016. Questionado sobre o atual momento de forma do jogador e se justifica a chamada, Fernando Santos responde apenas: "Sempre o convoquei."
Já sobre se Rafa jogaria, o selecionador assinala que essa resposta "tem a ver com o que os jogadores dizem em campo", mas não deixa de notar que, no Mundial do Catar, os 26 convocados vão estar sempre disponíveis para jogar em qualquer jogo, em contraste com os apenas 23 que podiam ser utilizados em cada partida até aqui, obrigando três convocados a ficar na bancada.
"Felizmente, um pouco por força minha, do Deschamps, do Martínez, do Luís Enrique e mais uns quantos, dissemos que aceitávamos os 26 no pressuposto de que todos podem ser utilizados" em cada jogo. Assim, no Catar "os 26 que forem estão aptos para entrar no jogo, portanto todos são titulares. Entram 11 para começar o jogo, mas com cinco substituições, a probabilidade [de entrarem] é muito maior".
Apesar desta abertura, Fernando Santos diz não estar à espera de uma chamada de Rafa e assinala "respeitar" a decisão do jogador, mas ressalva que também não partirá de si a iniciativa de o levar de volta à equipa das quinas.
"As portas da seleção nunca se fecharam a ninguém", garante.
Fisco? "No fim, eu vou ter de receber"
O treinador da equipa nacional revelou também que vai recorrer para o Supremo Tribunal da condenação ao pagamento de 4,5 milhões de euros ao Fisco.
Santos garante não ter feito nada de ilegal no caso que incide sobre o pagamento de IRS relativo aos salários como selecionador nacional entre 2016 e 2017.
"Impugnei para os tribunais administrativos e vou fazer o recurso esta semana também para o Supremo. Continuo absolutamente convencido de que estou certo", garante o selecionador nacional.
"Há uma coisa que sei: no fim eu vou ter de receber. Eu, não é o Estado. Seja qual for a decisão do tribunal administrativo para onde impugnei, aceitarei naturalmente", assinala também o selecionador, que não deixa de reforçar a sua crença: "Há uma coisa que sei: ou eu, Fernando Santos, vou receber o IRS, ou a Femacosa vai receber o IRC."
A Femacosa é uma sociedade unipessoal criada por Fernando Santos em 2014, da qual o selecionador é sócio-gerente, que a Federação Portuguesa de Futebol contratou para assegurar os serviços de treinador do líder da equipa nacional.
O entendimento do Fisco é o de que a Femacosa foi criada apenas para reduzir a carga fiscal sobre os rendimentos de Santos, que se diz de consciência tranquila. O Centro de Arbitragem Administrativa, para onde recorreu, rejeitou o pedido do selecionador. "Que doeu, doeu. Que dói, dói. E dói porque ouvi muita mentira em relação a isto", confessou também.
Ronaldo chegou a preocupar
Com o Mundial à porta, Fernando Santos abordou também o início de época turbulento de Cristiano Ronaldo, em especial a pouca utilização do capitão português nos primeiros meses da temporada.
"Houve um momento em que fiquei preocupado, quando se ouviu falar de que ele não iria treinar com a equipa. Quando não treinas com a equipa, quando estás a treinar sozinho é muito difícil", alertou, referindo-se ao episódio em que Ronaldo foi afastado dos treinos da equipa principal do Manchester United depois de recusar entrar numa partida.
Cristiano Ronaldo foi titular nos últimos três jogos dos ingleses, e jogou os 90 minutos, pelo que para o selecionador nacional, "se continuar a jogar", a questão do ritmo de jogo "coloca-se cada vez menos".