Ministério Público espanhol abre inquérito a Rubiales por alegada agressão sexual
A Real Federação Espanhola de Futebol vai reunir-se de emergência, esta segunda-feira, a partir das 15h00 (em Lisboa) para discutir a suspensão temporária do presidente, decretada pela FIFA.
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O Ministério Público (MP) espanhol abriu, esta segunda-feira, um inquérito contra Luis Rubiales para investigar uma possível agressão sexual, na sequência do beijo "não consentido" do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) à jogadora Jenni Hermoso, durante os festejos do título Mundial feminino de futebol, adianta a AFP.
"Os procuradores do Tribunal Nacional abriram um inquérito preliminar para investigar os factos, que podem constituir um crime de agressão sexual", lê-se no comunicado do tribunal, convidando Hermoso, que diz ter sido beijada pelo dirigente "sem consentimento", a apresentar queixa.
Segundo a Fiscalía, estão abertas "diligências de investigação" e fica aberta a possibilidade de denúncia, por parte de Hermoso, por agressão sexual, dado que o beijo na boca, quando entregavam as medalhas pela conquista do campeonato do Mundo feminino na Austrália, "não foi consentido".
Em concreto, a jogadora foi "informada dos seus direitos como vítima de um alegado delito" e terá agora 15 dias para contactar o MP, estando já aberto uma diligência "pré-processual", explicaram fontes próximas do processo à agência noticiosa EFE, e ainda não o processo judicial.
"O ato sexual sofrido pela jogadora e levado a cabo por Rubiales não foi consentido", lê-se no despacho, assinado por Marta Durántez, que assinala ainda a "importante repercussão pública a nível interno e internacional".
Rubiales foi entretanto suspenso pela FIFA no último dominó de consequências em torno do acontecimento de 20 de agosto, quando, no final do jogo que sagrou a seleção feminina espanhola campeã do mundo de futebol, em Sydney, na altura da entrega dos prémios, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso, enquanto festejavam.
A RFEF vai reunir-se de emergência, esta segunda-feira, a partir das 16h00 (15h00 em Lisboa) para discutir a suspensão temporária do presidente, decretada pela FIFA.
Seguiram-se inúmeras críticas ao sucedido, tendo a jogadora afirmado que não tinha consentido o beijo, depois de numa primeira versão ter dito que tudo tinha acontecido num momento de maior euforia.
Depois de vários dias com muitas críticas por diversos setores da sociedade, a RFEF realizou, na sexta-feira, uma Assembleia Geral Extraordinária, na qual era esperado o pedido de demissão de Rubiales, que não o fez.
Seguiu-se um novo pico de contestação e extremar das posições, com as jogadoras da seleção a anunciarem não estarem disponíveis para voltar a representar Espanha, enquanto os atuais dirigentes da RFEF se mantiverem nos cargos.
No sábado, a FIFA anunciou a suspensão de Rubiales do cargo por 90 dias, 11 membros da equipa técnica do selecionador, Jorge Vila, apresentaram a demissão, o técnico condenou o "comportamento impróprio" do presidente da RFEF, e o Governo espanhol anunciou uma denúncia ao Tribunal Administrativo do Desporto (TAD).
"Se o TAD iniciar o processo, eu, enquanto presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD), tenho o direito de convocar o comité executivo do CSD para pedir a suspensão de Rubiales", explicou o também secretário de Estado para o Desporto, Victor Francos, durante uma conferência de imprensa em Tarragona.
Victor Francos apelou a que o TAD se reúna "de forma extraordinária" já na segunda-feira.
Caso o tribunal considere que as infrações são "muito graves", então o CSD convocará o seu comité executivo para dar início à suspensão de Rubiales.