O antigo internacional português lamenta que os treinadores negros não tenham oportunidades.
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Oceano Cruz, atualmente treinador de futebol, gostava de trabalhar em Portugal, "até porque seria um facto curioso: seria o único treinador negro na primeira divisão», começou por afirmar numa entrevista ao podcast "Final Cut".
O antigo técnico adjunto de Carlos Queiroz acrescentou que "o racismo existe, não vamos escamotear isso, porque existe. Em Portugal, que é onde posso falar de uma forma mais assertiva, existe um racismo perigoso, porque é um racismo estrutural. Achas normal não haver um treinador negro na Primeira Liga? O ano passado já não houve ninguém. A maior parte das pessoas acha que é normal e isso é que torna o racismo estrutural", disse Oceano.
O antigo capitão do Sporting defende que não é normal não haver mais treinadores e jogadores negros a atuarem nos principais campeonatos, até "pela qualidade que têm os jogadores negros, para a qualidade que têm os treinadores negros e ver as poucas oportunidades que eles têm".
"Dou por mim a educar as pessoas quase todos os dias neste tema do racismo. Não devia ser o meu trabalho, ou melhor, devia ser o trabalho de todos", explicou o treinador de futebol.
Nesta mesma entrevista, Oceano comentou o caso Vinicius Júnior: "Tornou-se viral porque está no topo de pirâmide, é jogador do Real Madrid e obriga toda a gente a falar sobre o tema. Mas existe racismo todas as semanas. O problema deste mundo é que amanhã acontece sempre outra coisa; mas às vezes o que aconteceu ontem merece ser lembrando e discutido. Este é um problema e é um problema grande», acrescentou o antigo internacional português.