"RTP não se vai retratar." Nicolau Santos defende que cartoon refere-se à situação francesa
Em declarações à TSF, o presidente do Conselho de Administração da RTP diz que este caso está "domínio da liberdade de expressão e de criação".
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O presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, garantiu esta segunda-feira que a televisão estatal não vai pedir desculpa à PSP por causa do cartoon que retratava um polícia a disparar com mais veemência consoante a cor do alvo, em forma humana, ficava mais escuro.
"A RTP não se vai retratar de nenhuma forma. Eu, no dia seguinte à emissão do cartoon, tive a possibilidade de falar com o senhor diretor geral da PSP e explicar que o cartoon tinha a ver com a situação em França e não com a Polícia de Segurança Pública", garantiu Nicolau Santos à TSF.
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O presidente do Conselho de Administração da RTP afirma que Magina da Silva "tem as suas razões para tomar as decisões que tomou", mas a televisão também tem "razões para defender o direito de liberdade de expressão", garantindo que a colaboração na preparação da Jornada Mundial da Juventude "é excelente".
"Acho que isto é um epifenómeno. As pessoas quando cair em si e quando virem que efetivamente isso nada tinha a ver e nada tem a ver com a polícia portuguesa nem com a PSP, mas sim com a situação em França, cairão em si e esta polémica tenderá a desaparecer", prevê Nicolau Santos.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, ligou à RTP para manifestar o desagrado, mas Nicolau Santos rejeitas as pressões e garante que no canal publico há liberdade editorial.
"A RTP é uma empresa pública e não é uma empresa oficial, não é a empresa de comunicação oficial do Governo. É uma empresa pública. Os seus diretores, quer o diretor editorial, quer o diretor de programação têm total liberdade para programar os seus espaços e para decidir o que irá para o ar, o que vai para o ar. O Conselho de Administração não pode interferir nas decisões quer do diretor de informação, quer do diretor de programação. Portanto, nesse quadro, quem se sente, obviamente incomodado, atingido, pode se dirigir à RTP, pode fazer as suas críticas, pode manifestar o seu desagrado, mas o que é certo é que a empresa continuará a funcionar com base nestas orientações, que é total liberdade do diretor de informação e do diretor de programação de decidirem aquilo que vai para o ar", garante o líder da RTP.
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Nicolau Santos entende as críticas ao cartoon, mas reafirma que a polémica não faz sentido: "Qualquer pessoa que olhe para o cartoon perceberá seguramente, se estiver atento à realidade internacional, que o cartoon não tem nada a ver com a Polícia de Segurança Pública portuguesa. Isto já foi explicado pelos próprios autores do Spam Cartoon e pela própria autora do cartoon. Em segundo lugar, como é evidente, nós estamos no domínio da liberdade de expressão e, portanto, nós podemos discutir se é mau gosto, se é bom, gosto, se faz sentir, se não faz sentido, mas estamos efetivamente no domínio da liberdade de expressão e de criação, que é consagrado pela Constituição portuguesa."
"Parece-me também que sob este ponto de vista, não faz nenhum sentido haver qualquer polémica em torno desta situação, a não ser por entidades que não gostaram, contestaram, etc. A RTP, em nenhuma circunstância, instiga a violência contra quem quer que seja, defende os valores da liberdade de expressão e de opinião e obviamente, vai continuar a defendê-lo", conclui.