Carlos Dinis foi o primeiro selecionador a trabalhar com Cristiano Ronaldo, nos sub-15 da seleção portuguesa e não tem dúvidas: Ronaldo ainda tem muito para dar.
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Os números nem sempre são tudo no mundo do Desporto, mas estes não enganam quem os vê: 695 golos na carreira enquanto jogador de futebol no escalão sénior, 93 deles em 160 jogos pela Seleção Nacional. Estes são os valores de Cristiano Ronaldo, que dispensa apresentações.
Com o poker (quatro golos marcados)feito na noite desta terça-feira - que acabou com a seleção a golear a Lituânia por 5-1 - o capitão luso colocou-se a apenas 16 golos internacionais do iraniano Ali Daei, que acabou a carreira com 109 tentos.
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A nível individual, este foi o segundo poker de CR7 ao serviço de Portugal. Eusébio, Pauleta e Nuno Gomes são outros dos avançados que fazem parte do grupo restrito dos que marcaram quatro golos no mesmo jogo com as quinas ao peito.
Parece-me que vai conseguir bater esse recorde sem se esforçar demasiado.
Recuemos então no tempo. Cristiano Ronaldo, agora com 34 anos, chegou à seleção no escalão sub-15 pela mão do então selecionador Carlos Dinis. E quem conheceu Ronaldo há quase 20 anos não tem dúvidas de que o capitão português vai continuar a surpreender.
"O nível competitivo daqueles que têm tantos golos nas seleções nacionais é diferente de Ronaldo, ele tem mais jogos nas seleções. Mas o que é facto é que na Europa e até a nível mundial, Ronaldo compete com seleções de grande nível", relembra. Posto isto, o recorde de Ali Daei está ao alcance? "Pela forma que vai apresentando sucessivamente, parece-me que vai conseguir bater esse recorde sem se esforçar demasiado."
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E para quem possa estar preocupado com a idade de Cristiano Ronaldo, fica uma outra garantia: "Ainda não está assim tão perto do final da carreira como a sua idade poderia ditar."
E a nova geração?
Experiente no trabalho com jovens nos escalões de formação da seleção, Carlos Dinis não estranha algum do nervosismo demonstrado pelos jovens que chegam agora à seleção A. Entre eles está João Félix, que tem passado despercebido nos jogos da equipa das quinas, demonstrando "alguma ansiedade".
Carlos Dinis acredita que o jovem português está ansioso por tentar "concretizar em golos, pela primeira vez, a sua presença na seleção nacional". Mas, de selecionador para jogador, fica o conselho: "Ele vai perceber que, passando essa ansiedade natural, as coisas vão fluir e o golo vai aparecer. Não deixa de ser um processo normal e natural."
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Nestes casos, os jogadores mais velhos - em especial os capitães - podem ter um papel determinante na forma como os jovens enfrentam a pressão. E aí, Ronaldo também se destaca.
"Parece-me que ele conseguiu criar, dentro da seleção, uma identidade própria. Todos os colegas o respeitam, naturalmente. No próprio comportamento dele é notório, tem alguma liderança - bastante até - dentro da seleção e isso é fundamental, importante e determinante", explica.
Para já, a seleção está bem encaminhada no apuramento para o Euro 2020: a vitória na Lituânia deixa Portugal no segundo lugar do grupo B, com oito pontos.