Após uma reunião com os líderes dos partidos com assento parlamentar, António Costa afirmou que "independentemente do seu montante, estarão integralmente garantidos os depósitos". O primeiro-ministro admitiu também que o Estado pode perder dinheiro com o destino que for dado ao Banif.
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Ao que a TSF conseguiu apurar, o governo começou a preparar o caminho para uma solução política para o problema do Banif. A TSF apurou ainda que, para já, "não foi colocada em cima da mesa nenhuma proposta formal" em relação a uma solução para a instituição financeira.
Apesar de o banco ainda estar a fazer esforços de última hora para encontrar investidores (a TSF sabe que há reuniões marcadas para esta quarta-feira precisamente com esse objetivo), o encontro do primeiro-ministro e de Carlos Costa com os líderes parlamentares parece indicar que, quer o governo, quer o Banco de Portugal, já não acreditam na hipótese de venda do Banif.
Ao final da tarde desta terça-feira António Costa esteve reunido com Mário Centeno, ministro da Finanças, com o Governador do Banco de Portugal e com os líderes parlamentares dos partidos representados na Assembleia.
Após essa reunião o primeiro-ministro afirmou que está garantida a integridade do dinheiro dos depositantes no Banif, independentemente dos montantes envolvidos, e deixou uma mensagem de confiança no sistema financeiro português.
"O Estado tem capitais públicos investidos muito avultados no Banif. Espero que a solução que venha a existir proteja o melhor possível o dinheiro dos contribuintes, mas a garantia que eu posso dar aos contribuintes não é a mesma que posso dar aos depositantes" disse o governante.
António Costa disse ainda que "relativamente a todos aqueles que têm as suas economias, as suas poupanças, depositadas no Banif, quer no continente, quer nas ilhas quer nas comunidades portuguesas, que independentemente do seu montante estarão integralmente garantidos os montantes dos depósitos e isto está assegurado".
António Costa falava na Assembleia da República, à entrada para o jantar de Natal do Grupo Parlamentar do PS, que começou com mais de uma hora de atraso, depois de o primeiro-ministro ter recebido em São Bento os diferentes líderes parlamentares sobre a situação financeira do Banif.
"Neste momento, o processo do Banif continua em apreciação nas instituições europeias, o processo de venda continua em curso e em qualquer circunstância o Estado garantirá sempre a integridade dos depósitos, independentemente do seu montante", declarou o líder do executivo.
Na sexta-feira passada, após pedidos de esclarecimento da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o Banif confirmou que está a decorrer um "processo formal e estruturado tendente à seleção de um investidor estratégico" que compre a posição de 60% que o Estado português tem no banco. O executivo tem urgência em resolver o assunto porque em janeiro entram em vigor novas regras europeias, que no caso de uma possível resolução implicam encargos acrescidos para o Estado.
"Espero que a solução que venha a existir proteja o melhor possível o dinheiro dos contribuintes. Mas a garantia que possa dar aos contribuintes não é a mesma que posso dar aos depositantes", advertiu.
Segundo o primeiro-ministro, os depositantes "têm todas as razões para estarem plenamente confiantes na integridade dos seus depósitos, independentemente dos seus montantes".
"Quanto ao dinheiro público investido no banco, isso dependerá muito da solução final. Não posso dar a mesma garantia", respondeu.
Sobre os montantes de prejuízos que poderão estar envolvidos, António Costa sustentou que tal "dependerá da forma como se concluir o processo de venda em curso".
"No final se fará a avaliação. É conhecido o montante que o Estado investiu no Banif direta ou indiretamente, entre o final de 2012 e princípios de 2013. Vamos aguardar que o processo decorra sem precipitações", defendeu o primeiro-ministro.