António Varela, ex-administrador do Banif nomeado pelo Estado, diz que o que aconteceu à instituição foi "um desastre" que aconteceu porque o banco "era muito mau. Era péssimo".
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António Varela, ex-administrador do Banif nomeado pelo Estado, diz que o que aconteceu ao banco foi "um desastre" que aconteceu porque o banco "era muito mau. Era péssimo".
O "desastre" que aconteceu ao Banif tem raiz naquilo que o banco era em 2012: um banco "muito, muito mau", afirmou o ex-administrador nomeado pelo Estado após a injeção de 1,1 mil milhões de euros na instituição.
Na Comissão Parlamentar de Inquérito à resolução do Banif, Varela afirmou que o Banif que encontrou "tinha tido uma estratégia completamente errada". Nos anos anteriores, explicou, "enquanto os outros bancos diminuíram de tamanho, o Banif mais do que duplicou de tamanho". Tinha feito "investimentos completamente disparatados no Brasil, em Espanha, e noutras latitudes".
Varela sustenta que o banco tinha uma política de concessão de crédito "que não gostaria de qualificar" mas que se traduzia numa carteira de "meia dúzia de clientes com elevadíssima exposição ao imobiliário".
Nem sistema informático nem avaliação de risco
O Banif não estava, acusa Varela, preparado para conduzir com sucesso uma política de gestão: "não tinha sistema informático, não tinha sistemas de avaliação de risco". Não tinha, em suma, "todo um conjunto de infraestruturas indispensáveis para que um banco funcione bem".
Polémica com o Banco de Portugal
Varela ainda não se referiu, nesta comissão parlamentar, à polémica em torno da sua saída do Banco de Portugal.
No início de Março, saiu do Banco de Portugal com estrondo: na carta de renúncia que entregou a Carlos Costa e ao Governo, afirmou "não se identificar com a política e a gestão do Banco de Portugal".
Varela estava o Banco de Portugal desde setembro de 2014, sendo responsável pelo pelouro da supervisão prudencial do sistema financeiro. O ex-administrador ocupou o cargo a convite da anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, após a derrocada do BES.
Varela entrou para o Banco de Portugal vindo do Banif, onde era administrador não-executivo nomeado pelo Estado depois da injeção de 1,1 mil milhões de euros públicos no banco.
No início da semana Carlos Costa fez saber que assumia de forma temporária esse pelouro, deixando a supervisão do sistema financeiro sem um administrador próprio.