CCP diz que intenção do Governo para os jovens é «positiva», mas insuficiente
O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, classificou hoje de «positiva» a intenção do Governo de fomentar o emprego jovem, mas considerou que esta é «insuficiente».
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«É uma proposta positiva, mas naturalmente que isto por si só não cria emprego», disse Vieira Lopes aos jornalistas no final de um encontro com o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
No entanto, Vieira Lopes afirmou que fará chegar às mãos do governante, ainda esta semana, um conjunto de propostas que potenciem a criação de emprego jovem em Portugal.
A primeira, segundo explicitou, passa pela «articulação dos estágios com a posterior contratação nas empresas» e, uma segunda, tem a ver com a área do empreendedorismo.
«Numa altura de crise como esta, em que a economia não cresce e o desemprego é grande, o empreendedorismo com o eventual apoio de crédito da banca é uma das poucas áreas em relação às quais podemos criar emprego, em particular, no setor dos serviços», disse Vieira Lopes.
A taxa de desemprego dos 15 aos 24 anos atingia os 35,4 por cento no final de 2011, segundo números divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelam que houve uma subida significativa no quarto trimestre de 2011, chegando aos 14 por cento, mas o aumento foi ainda mais expressivo entre os mais jovens.
No segundo trimestre de 2011, o desemprego jovem estava nos 27 por cento; no terceiro, passou para 30 por cento; no quarto, deu um 'salto' de mais de cinco pontos percentuais, para 35,4 por cento, o que significa que há agora, segundo os números do INE, 156 mil jovens desempregados, mais de um terço do total deste grupo etário.
É com este pano de fundo que o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares se reuniu esta manhã com a UGT, a CGTP e a CCP.
A Comissão Interministerial integra 12 secretários de Estado, nomeadamente o do Emprego, o da Administração Pública e o dos Assuntos Europeus. De acordo com um comunicado do gabinete do ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, o Governo «compromete-se a apresentar medidas concretas para combater o desemprego jovem».
Portugal receberá nas próximas semanas a visita de uma «equipa de ação» da Comissão Europeia destinada a estudar a forma de utilizar fundos comunitários para reduzir o desemprego jovem.
Esta iniciativa foi lançada pelo presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, durante o Conselho Europeu de janeiro, e visa reduzir o desemprego jovem nos oito países da União com taxas mais elevadas. Na definição europeia da taxa de desemprego jovem, Grécia e Espanha têm as taxas mais altas, quase nos 50 por cento, e Portugal é o terceiro país com mais jovens desempregados, acima dos 35 por cento.
A Comissão liderada por Miguel Relvas deverá «enquadrar as políticas de juventude de uma forma global e articulada», agilizar os mecanismos de apoio às PME, ao nível de fundos da União Europeia, de modo a «aumentar as oportunidades de emprego para os jovens».