Luís Bento diz que o Governo arrancou tarde para a iniciativa de combate ao desemprego jovem, porque esteve mais preocupado com as finanças, deixando a economia para segundo plano.
Corpo do artigo
«O Governo acordou muito tarde, porque foi ele próprio surpreendido pelo crescimento exponencial de desemprego. Centrou-se fundamentalmente nas questões macroeconómicas, no combate à dívida pública, no cumprimento dos acordos celebrados com a troika, mas descurou claramente a economia», disse esta segunda-feira à TSF.
Luís Bento, professor na Universidade Lusófona, considera que a pasta da Economia está entregue a protagonistas com falta de experiência, falta de conhecimento da realidade e com peso político reduzido.
Já Miguel Relvas, ministro dos Assuntos Parlamentares, «tem um peso muito significativo no Governo» e com o dossier para tratar o desemprego nas suas mãos, «é evidente que temos a problemática do desemprego no mais alto nível da decisão política», o que é «positivo», opinou.
Sobre a nova equipa que o Executivo formou para estudar e apresentar propostas de combate ao desemprego jovem, Luís Bento salientou um aspeto que encara como positivo: «Pela primeira vez vamos ter todos os setores que intervêm de forma direta ou indireta na criação de emprego sentados à mesma mesa a encontrar soluções».
Desta iniciativa, Luís Bento espera que resulte um programa nacional de combate ao desemprego jovem, onde estejam incluídas três medidas, a «subsidiação dos salários», a «criação de um programa de estágios longos onde haja possibilidade de os jovens estagiarem nas empresas durante um ano» e ainda «uma muito maior ligação entre a universidade e as empresas».
Além disso, o especialista em Recursos Humanos defendeu que é preciso ir à raiz do problema.
«A atividade económica em Portugal está neste momento num estado calamitoso, porque todo o tecido, toda a matriz em que assenta a base económica das empresas e das famílias tem vindo a ser profundamente atacada pela diminuição da procura interna, pelo atraso nos pagamentos e pelas falências», sendo o desemprego uma consequência disso, disse.