"O Governo acredita que conseguirá cumprir as metas traçadas", diz o Ministério das Finanças, respondendo ao ceticismo da Comissão sobre o défice português. Centeno contente com novas previsões.
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O Ministério das Finanças reiterou que conseguirá cumprir as metas traçadas no Programa de Estabilidade e assegurou que as previsões divulgadas por Bruxelas, mais pessimistas do que as do Governo, não justificam "qualquer alteração aos objetivos definidos".
A Comissão Europeia afirmou hoje que duvida das metas definidas pelo Governo português, prevendo mais défice orçamental e menos crescimento económico do que o Governo, não só este ano, mas também em 2017.
"O Governo acredita que conseguirá cumprir as metas traçadas no Programa de Estabilidade através da rigorosa implementação das suas medidas de política económica. A revisão das projeções da Comissão Europeia não justifica qualquer alteração aos objetivos definidos", afirma o Ministério das Finanças numa nota enviada à agência Lusa.
A Comissão Europeia estima que o défice orçamental represente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e 2,3% do PIB em 2017, valores acima dos previstos pelo Governo, que no Programa de Estabilidade se comprometeu com um défice orçamental de 2,2% do PIB este ano e de 1,4% no próximo.
No entanto, o Ministério das Finanças prefere destacar a revisão em baixa feita pela Comissão Europeia, face às estimativas conhecidas em fevereiro: "O facto mais assinalável é a forte revisão da estimativa para o défice em 2016, que passou de 3,4% nas previsões do inverno [de Bruxelas] para 2,7% nestas previsões".
Para o ministério tutelado por Mário Centeno, "esta previsão confirmará a saída do Procedimento de Défice Excessivo em 2016". O Ministério das Finanças destaca também o relançamento da atividade económica, que considera ser "visível na redução do desemprego e no forte crescimento das exportações, em linha com as previsões do Governo".
Marcelo destaca défice abaixo de 3%
O Presidente português considerou hoje uma boa notícia que a Comissão Europeia preveja um défice de 2,7% em 2016, dizendo que é um valor que há muito tempo não se recorda de ver em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a estimativa da Comissão Europeia para o défice português - que é superior aos 2,2% do Governo - durante uma visita a um centro de formação em Maputo, no primeiro dia da sua visita a Moçambique.
"Já há um ponto bom: é que quer o Governo português quer Bruxelas acham que fica abaixo dos 3%. É uma boa notícia. Se for 2,7%, é um número de que não me recordo há muito tempo em Portugal", respondeu o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu, contudo, que só "em meados do mês" a Comissão Europeia se deverá pronunciar sobre o Programa Nacional de Reformas e sobre o Programa de Estabilidade do Governo português, com as metas orçamentais para o período 2016-2020. "Vamos ver o que é que dizem, nomeadamente em termos da evolução genérica, se sim ou não concordam com o sentido da evolução", acrescentou.