O líder da companhia chinesa candidata à privatização da EDP diz que a sua entrada no capital da empresa será «um negócio vantajoso para os dois países» e «ajudará a EDP a financiar-se».
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«A EDP é uma boa empresa, mas, devido à crise, nos próximos três a cinco anos poderá ter dificuldades de financiamento. Nesse aspecto, nós podemos ajudar. Será benéfico para ambas as partes e para os dois países», disse esta quarta-feira à agência Lusa em Pequim o presidente da China Three Gorges Corporation (CTG), Cao Guangjing.
«A China está a desenvolver-se muito depressa e tem um bom sistema bancário. Os bancos irão acompanhar-nos e podemos levar outras companhias chinesas a investir também em Portugal», acrescentou.
A CTG é uma das quatro candidatas à compra da participação de 21,35 por cento do capital da EDP detida pelo Estado português, concorrendo com a empresa alemã E-On e as brasileiras Eletrobrás e Ceming.
Fundada pelo governo chinês em 1993, para construir e gerir o maior complexo hidroeléctrico do mundo, a barragem das Três Gargantas, no rio Yangtze, a CTG é considerada uma das mais importantes empresas da China na área das energias renováveis e está envolvida em projectos hidroeléctricos em 26 países.
O seu investimento na EDP será, contudo, o primeiro do género na Europa e o maior de sempre feito fora da China.
Na primeira entrevista a um órgão de comunicação português, o presidente da CTG realçou que «a EDP é uma empresa muito boa, que se tem desenvolvido bem e com boa aceitação do mercado».
«Não precisaremos de mudar muito na gestão da empresa, nem queremos interferir muito», disse.
Estimativas divulgadas na imprensa portuguesa indicam que o governo espera encaixar cerca de 2,2 mil milhões de euros com a venda da sua participação na EDP, mas Cao Guangjing recusou confirmar ou desmentir aquele número: «É um segredo comercial. Não é conveniente falar disso agora».
Cao Guangjing considerou as energias renováveis, e nomeadamente a eólica, «industrias muito promissoras» e garantiu que a CTG «ajudará a EDP a desenvolver-se ainda mais, em Portugal e noutros países».
Segundo informações da CTG, no final de 2009 o património da empresa somava 280,980 mil milhões de yuan (32,7 mil milhões de euros), com um capital próprio de 169,85 mil milhões de yuan (19,7 mil milhões de euros).
A CTG tem várias barragens, mas só a das Três Gargantas tem «uma capacidade anual de produção que equivale ao dobro do consumo de electricidade em Portugal», realçou à agência Lusa um especialista do sector.
Entretanto, a empresa está a construir «mais quatro grandes barragens» na China e que em 2020 figurarão «entre as dez maiores do mundo», indicou o presidente da CTG.
O prazo para a entrega de candidaturas à privatização da EDP termina a 9 de Dezembro e o vencedor do concurso, que passará a ser o maior accionista da empresa, será conhecido até ao final de 2011.