Crise em Portugal e em Angola são os motivos avançados pela empresa de construção para avançar com despedimento coletivo de cerca de 500 trabalhadores.
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A construtora Soares da Costa vai abrir um processo de despedimento coletivo de cerca de 500 funcionários, justificando a decisão com a crise em Portugal e Angola. A decisão foi anunciada numa carta enviada à Comissão de Trabalhadores da empresa.
Nesta carta, a que a Lusa teve acesso, assinada pelo presidente executivo, Joaquim Fitas, são referidas as "repercussões nefastas" para a empresa da crise e a "estagnação do mercado de construção" em Portugal. É também referida a quebra de receitas em Angola, o principal mercado da Soares da Costa, "relacionada com a produção petrolífera", o que fez cair o investimento público e privado.
Neste contexto, a empresa considera que é "inevitável o redimensionamento e reestruturação".
Refere ainda a empresa de construção civil que, "mais do que a envolvente externa, é o histórico recente da empresa que a conduz a esta situação", salientando que tem acumulado prejuízos anuais superiores a 60 milhões de euros.
Em declarações à TSF, José Martins, coordenador da comissão de trabalhadores da Soares da Costa, afirma que não fica surpreendido com esta decisão tendo em conta a instabilidade que a empresa tem vivido nos últimos tempos. A comissão de trabalhadores não tem mais detalhes sobre este processo de despedimento coletivo, mas espera até ao final da semana reunir-se com a administração.
José Martins lembra ainda que, nesta altura, existem centenas de trabalhadores da empresa em casa, por não terem trabalho, mas a receberem salário. Em Portugal e em Angola, há ainda cerca de outros mil trabalhadores que têm ordenados em atraso.
Para esta sexta-feira estava já marcada uma manifestação de trabalhadores em Vila Nova de Gaia, contra o atraso no pagamento de salários.
O Sindicato da Construção de Portugal já pediu uma reunião de caráter urgente à administração da Soares da Costa, para tentar evitar o despedimento coletivo de 500 trabalhadores.
A Soares da Costa é controlada em 66,7% pela GAM Holdings, detida pelo empresário angolano António Mosquito, que entrou no capital da construtora no final de 2013, sendo os restantes 33,3% da SDC -- Investimentos (ex-Grupo Soares da Costa).