Os trabalhadores da Soares da Costa apelam ao primeiro-ministro para que intervenha. A empresa anunciou ontem a decisão de avançar com o despedimento coletivo de 500 trabalhadores.
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Os trabalhadores da Soares da Costa iniciaram hoje uma greve por tempo indeterminado. "Não nos roubem o Natal" é uma das frases escritas nas faixas, que os cerca de 50 trabalhadores da Soares da Costa seguram à porta dos estaleiros da empresa.
Um protesto contra o atraso no pagamento do salário de novembro e do subsídio de Natal, a que se juntou o anúncio de um despedimento coletivo.
José Martins, coordenador da comissão de trabalhadores, acredita que o processo é reversível e faz um apelo ao governo.
"Temos cerca de 275 mil a 300 mil trabalhadores no setor da construção civil e nada é feito. Estamos à espera que emigrem todos? O êxodo tem sido bastante... Há planos? Já foram traçados objetivos? É um apelo que fazemos também ao novo governo e ao primeiro-ministro para que intervenha na situação do país, deste setor em concreto".
Há vários meses que os trabalhadores vivem em sobressalto, com salários em atraso, contam que o dia-a-dia é vivido com muitas dificuldades. "É muito difícil, cada um recorre de maneira diferente. Há quem tenha apoio familiar, quem não tenha. Este mês é crucial, temos a época de Natal... Alguns do pouco que receberam do ordenado já gastaram nisto e por isso agora falta...".
Outro trabalhador conta que "quando estive em Angola pus algum dinheiro de lado e vou jogando com esse dinheiro, mas não dura toda a vida. Temos que fazer das tripas coração".
Atualmente são cerca de 400 os trabalhadores da Soares da Costa em regime de inatividade, ou seja, estão em casa à espera de trabalho.
Contactado pela TSF, em busca de uma resposta para o apelo dos operários da Soares da Costa, o gabinete de imprensa do ministério do Planeamento e Infraestruturas sublinha que esta semana o governo está a anunciar vários planos para apoio ao investimento das empresas.