
Lusa/José Sena Goulão
A declaração é do chefe da missão do FMI para Portugal, Subir Lall, e acontece depois de esta manhã, Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, ter acusado a troika de nada ter feito relativamente ao BES.
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«Fomos apanhados de surpresa», disse Subir Lall quando questionado sobre se o Fundo teve conhecimento dos problemas detetados no Banco Espírito Santo (BES) durante o programa de resgate.
No entanto, para o chefe da missão do Fundo para Portugal, a análise que se deve fazer é a de olhar para os objetivos do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), que «era assegurar a estabilidade sistémica e isso foi assegurado».
«Um dos maiores bancos sofreu uma [medida de] resolução, mas virtualmente isso não teve impacto nenhum no sistema bancário. Esse foi um sucesso da abordagem», argumentou.
«Não exigimos nada às autoridades porque não desempenhamos o papel de supervisores. Não tínhamos o mandato ou a autoridade para supervisionar os bancos», afirmou Subir Lall.
«Se trabalhámos com os bancos? Sim. A questão é que temos de olhar para que servia o programa? Era para garantir a estabilidade financeira sistémica e isso foi garantido», disse ainda o responsável durante uma conferência promovida pela Ordem dos Economistas.
O presidente do Conselho de Administração do BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje a atuação da troika no que refere ao BES, lamentando em concreto a atuação do Banco Central Europeu (BCE).
«O banco que não precisava de capital público estoirou e a 'troika' não percebeu (...) Causa-me alguma perplexidade por que é que o BCE terá sido tão violento com o BES e anda com os bancos gregos ao colo. Por que é que foi tão duro e exigente com o BES», questionou Ulrich na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).