Inquérito/BES: Granadeiro diz que tese de ajuda a Salgado é «um tanto infantil»
A história dos "contos de criança" voltou a marcar o dia na audição da comissão parlamentar de inquérito ao BES. Henrique Granadeiro diz que quem sustenta a ideia de que ele lançou uma bóia de 900 milhões para salvar o amigo, quando comprou divida da Rioforte, «é um tanto infantil». O antigo presidente da PT disse que foi deliberadamente omitida informação à PT neste negócio.
Corpo do artigo
«A história romântica de que vi o Dr. Ricardo Salgado a se afogar e lhe mandei uma boia de 900 milhões de euros não tem nada de verdade», afirmou o responsável na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
Questionado porque é que a PT aceitou trocar a dívida da Espírito Santo International (ESI) por dívida da Rioforte, ambas 'holdings' do Grupo Espírito Santo (GES), Granadeiro disse que foi Salgado que o sugeriu, e que passou 'a bola' para o administrador financeiro da PT, Luís Pacheco de Melo.
«O próprio Ricardo Salgado numa conversa que tivemos me falou nisso, eu passei para o 'cfo' [administrador financeiro]. Ele [Salgado] explicou as vantagens em trocar as obrigações da ESI pela Rioforte, que passaria a ser a cabeça do grupo e a deter a Espírito Santo Financial Group (ESFG), que por seu turno tinha as ações do Banco Espírito Santo (BES)», sublinhou Granadeiro.
E realçou: «Eu não lhe prometi nada. Disse apenas que ia falar com o CFO para que ele analisasse a oportunidade da operação». Segundo Granadeiro, «Luís Pacheco de Melo [administrador financeiro da PT] não só falou com Amílcar Morais Pires, mas também com Ricardo Salgado».
O responsável disse que Salgado lhe explicou que «aquilo que era as aplicações habituais na ESI, dada a reestruturação que estava em curso [no GES], devia passar a ser com a Rioforte». «E eu disse-lhe que ia falar com o CFO para podermos tomar uma decisão sobre essa matéria», vincou.
«Ser ESI ou Rioforte era um problema interno do BES. A PT não fazia análise autónoma disso. O BES era o parceiro e conselheiro financeiro da PT», justificou. O responsável garantiu ainda: «Nunca combinei com o Dr. Ricardo Salgado uma única operação».
Granadeiro começou a ser ouvido no parlamento pelas 16:10 e arrancou a sua presença na comissão de inquérito BES/GES com uma longa declaração inicial na qual traçou uma retrospetiva do relacionamento da PT com o banco e o grupo outrora liderados por Ricardo Salgado.