Em 308 municípios, 37 tiveram um aumento de despesa com juros e outros encargos financeiros superior a 50%. Mas Albufeira bate todas as barreiras. A autarquia já explicou à TSF este aumento.
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Os autores do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses não encontraram explicação para o inusitado aumento de 1424,8% (mais 4,7 milhões de euros) de encargos financeiros em Albufeira.
O anuário salienta que no Relatório de Gestão e Contas da autarquia de 2014 apenas se refere que 4,3 milhões estão classificados como "outros juros", "não se identificando em nenhuma parte justificação particularizada para este valor nem para a causa do mesmo".
Entre 2008 e 2013 os gastos médios com juros nesta autarquia foram de 672 mil euros. E em 2013, os gastos nesta rubrica atingiram apenas 333 mil euros.
Contactado pela TSF, o vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira explica que os juros não foram pagos durante três anos e em 2014, com o aumento da receita, foi possível liquidar a dívida. Neste momento, José Carlos Rolo garante que as contas da autarquia já estão equilibradas.
Dos 35 municípios com maior despesa de juros e outros encargos financeiros, 23 apresentaram subida de pagamento em juros, dos quais 13 com aumento superior a 50%.
Penedono, o município que não paga juros
No extremo oposto, no pequeno concelho de Penedono, no distrito de Viseu, não há gastos em juros. De acordo com o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, pelo menos desde 2008 que a câmara municipal não tem qualquer gasto com juros.
Apesar de acumular a dívida mais pequena do país (pouco mais de 200 mil euros), é, no entanto, uma das autarquias com menor independência financeira.
No ano passado, juntou-se também a Mealhada, concelho de média dimensão. Os dois municípios são os que menos gastam com juros em Portugal e não fizeram qualquer tipo de amortização em 2014.
Neste capítulo das amortizações de empréstimos, é outra vez Albufeira que apresenta um aumento extraordinário, de 653,8%. Mas, desta feita, os autores do relatório encontram explicação, ressalvando que se trata do pagamento integral do apoio concedido pelo estado, o PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), no valor de 16 milhões de euros.
De 2008 a 2013, o município devolveu entre 1 e 3 milhões de euros a instituições financeiras, mas em 2014 o valor disparou para 19,1 milhões de euros.