O secretário-geral da Associação dos Armadores de Pescas Industriais elogiou hoje o acordo de pescas alcançado ontem em Bruxelas, mas lamentou a redução de quota do lagostim.
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«O acordo é globalmente positivo e espelha os sacrifícios que os pescadores portugueses e ibéricos suportaram com reduções de quotas ao longo de 10 anos impostas pela Comissão Europeia e que não se conseguiram contrariar», disse à Lusa António Cabral.
Segundo o responsável dos armadores, a situação só ficou enegrecida pela redução das quotas de pesca de lagostim. «Temos uma decisão muito negativa no lagostim, que é a 15ª. redução de quota sucessiva, num recurso que é essencial para uma frota específica a operar na zona sul», adiantou.
O acordo conseguido pelos ministros das Pescas da União Europeia implica que Portugal terá, em 2014, mais 7,8% nas quotas pesqueiras, comparativamente a 2013, apesar de uma perda de 10% no lagostim.
Classificando essa redução como «uma derrota», António Cabral explicou que, este ano, a quota de pesca de lagostim em Portugal «esgotou em setembro e a frota teve que ficar imobilizada 45 dias».
Com exceção do lagostim, o restante acordo é visto «com agrado», já que permite «algum ganho» conseguido graças a «uma contenção de vários anos, a uma redução de quotas», garantiu o secretário-geral da Associação dos Armadores de Pescas Industriais (ADAPI).
«Temos aqui a possibilidade de, em várias espécies, rentabilizar melhor as embarcações», acrescentou António Cabral, para quem as duas preocupações que tem centram-se na redução da quota de lagostim e no acordo bilateral feito na semana passada entre Portugal e Espanha.
«O acordo bilateral com Espanha é um desastre e revela uma incompetência negocial por parte do Governo que não conseguimos compreender», acusou, defendendo que Portugal mostrou incapacidade de negociar com Espanha ao mesmo nível, inviabilizando ou, pelo menos, tornando menos competitivas as embarcações que operam no norte de Espanha.
O compromisso alcançado na terça-feira em Bruxelas prevê, para Portugal, aumentos de quotas individuais como na pescada (mais 15%, o equivalente a mais 634 toneladas), no carapau (mais 10%) e no tamboril (6%).
Do lado das perdas, registam-se por exemplo diminuições das quotas de lagostim, que sofreram um corte de 10%, ou menos 18 toneladas, comparativamente ao ano ainda em curso, e de raias, também de 10%, ou menos 117 toneladas.
Noutras espécies, Portugal mantém as quotas que lhe foram atribuídas em 2013, casos do biqueirão, juliana, linguado e solha.