O presidente do Sindicato dos Pilotos acusou hoje o Governo e a TAP de terem sido "completamente inflexíveis" nas reuniões de sexta-feira e sábado. Em entrevista à Lusa, Manuel dos Santos Cardoso admite recorrer à Justiça para fazer cumprir o acordo de 1999, para uma participação no capital social da TAP de até 20% em caso de privatização.
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"Não há negociações. O que estamos a ter são conversas informais e onde tanto o Governo como a TAP mantém a irredutibilidade e são completamente inflexíveis", afirmou Manuel dos Santos Cardoso, em entrevista à Lusa.
O dirigente sindical explicou que na sexta-feira existiu uma reunião e no sábado outra, sem especificar em qual das datas o sindicato se reuniu com o Governo e com a administração da TAP. Mas sublinhou que não se trataram de negociações, "porque quando há negociações há cedência de ambas as partes. Neste tipo de conversas o que há é uma total imposição por parte da TAP ou do Governo".
"Todas as reuniões que temos tido até agora, e eu fui a uma delas, demonstram, pela parte do Governo e da TAP que não há vontade de negociar, mas sim de impor", acrescentou o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que ainda assim admite a possibilidade de a greve vir a ser desconvocada.
Manuel dos Santos Cardoso diz que a "greve pode ser desconvocada se houver verdadeira vontade de negociar por parte do Governo e da TAP". Neste momento "o que se passa é que eles querem que nós abdiquemos de tudo dos dois acordos que foram feitos e assinados: o de dezembro de 2014 e o outro de 1999", afirmou.
O Sindicato dos Pilotos admite recorrer à Justiça para fazer cumprir o acordo de 1999, em que a classe abdicou de aumentos salariais em troca de uma participação no capital social da TAP de até 20% em caso de privatização.
"Podemos ir para a Justiça se a outra parte não cumprir, se continuar de má-fé. Esse é um dos caminhos", afirmou Manuel dos Santos Cardoso, frisando que os pilotos não estão dispostos a abrir mão do acordo, que é uma das principais reivindicações por trás do protesto.