Os ministros das Finanças da Alemanha e de França desaconselharam, hoje, em Bruxelas, Portugal a beneficiar das novas condições acordadas para o empréstimo de Atenas.
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«Eu não aconselharia Portugal a ousar esse passo, porque a comparação com a Grécia não me parece adequada», afirmou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, em resposta a uma questão de eurodeputado português Diogo Feio (CDS-PP), durante um debate na Comissão dos Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Diogo Feio perguntou aos dois ministros o que pensavam sobre a possibilidade de as novas condições acordadas para o empréstimo à Grécia poderem ser aplicadas aos restantes países sob programa, ou seja, Portugal e a Irlanda.
Na resposta, Wolfgang Schäuble desaconselhou Portugal a reclamar a aplicação das condições acordadas para a Grécia na passada segunda-feira, na reunião dos ministros das Finanças da zona euro, referindo que Atenas é um «caso muito específico».
«As taxas para os créditos bilaterais à Grécia não são os mesmos para estes dois países, por isso não são comparáveis. Propusemos um alargamento do prazo em 15 anos e uma moratória de 10», acrescentou.
O ministro alemão disse ainda que seria um «sinal terrível» se Portugal pedisse uma extensão no pagamento de juros, até porque, tal como a Irlanda, está a «avançar para os mercados».
Na mesma linha, o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, disse que as situações de Portugal e da Grécia são distintas, sublinhando que o programa de ajustamento português está a ser bem concretizado.
«As situações não são as mesmas, não me parece que se deva imitar a solução que temos para a Grécia», argumentou o ministro francês.
Hoje, os ministros da Finanças da zona euro reúnem-se, em Bruxelas, num encontro que não deve ter na agenda a extensão a Portugal das mesmas vantagens concedidas a Atenas.
Na semana passada, a zona euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegaram a um acordo sobre a revisão da ajuda à Grécia. Na altura, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, indicou que os outros países sob programa, Portugal e Irlanda, deveriam também beneficiar das novas regras para os empréstimos concedidos à luz do fundo europeu de estabilização financeira.
Todavia, um alto responsável europeu afirmou na sexta-feira que a extensão das novas regras a Lisboa e Dublin não está sobre a mesa.
O responsável argumentou que a Grécia é «um caso único» e que as condições acordadas na última reunião do Eurogrupo foram também «únicas», além de que Portugal e Irlanda já beneficiaram de um «bónus», ao ficarem isentos da redução dos juros cobrados a Atenas nos empréstimos bilaterais e da transferência dos lucros dos bancos centrais nacionais nos programas de compra de dívida.