A Saer considera pouco provável que Portugal consiga atingir o défice de 4% em 2014 acordado com a troika e que consiga evitar um segundo resgate.
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A Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco (SaeR) acredita que a austeridade está a fazer mais mal à procura interna do que bem às exportações e, por isso sublinha que, mesmo que a economia da zona euro continue a evoluir de forma favorável, é pouco provável que o aumento das vendas ao estrangeiro compense a quebra do investimento e do consumo das famílias.
É um cenário para o futuro imediato que a empresa classifica de sério e delicado e que em última análise, escreve a SaeR no relatório trimestral, vai provavelmente ditar que Portugal não consiga atingir a meta do défice de 4 % acordada com o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
A SaeR conclui, por isso, que quando a troika se for embora, a meio do próximo ano, o segundo resgate é mais provável do que o do programa cautelar.
A organização acrescenta que os mercados estão atentos ao que se passa em Portugal e que os juros no mercado secundário da dívida não deixam antever o regresso a um financiamento normal e destaca também que a zona euro tenderá a replicar em Portugal o compromisso encontrado para a Grécia.
A empresa de consultoria fundada por Ernâni Lopes, antigo Ministro das Finanças, diz ainda que as fracas perspectivas de crescimento económico não deixam antever cenários de evolução favorável para uma sociedade cada vez mais envelhecida, pobre e doente, num contexto de redução da população.
Numa perspectiva mais positiva, a organização diz que as exportações podem crescer através do sector dos serviços que vão além do turismo e destaca a área dos serviços empresariais, que exige pouco capital.
A SaeR aponta ainda a Síria como uma boa aposta para as exportações e para a internacionalização das empresas, em especial do sector da construção.