Jacinto Nunes, antigo ministro das Finanças, defendeu na TSF que se o Governo fizer "finca pé", o FMI acabará por desistir de um eventual congelamento das pensões mais baixas.
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«Incansáveis e competentes, capazes de ouvir e modificar algumas posições», foi assim que Jacinto Nunes, antigo governador do Banco de Portugal e ministro das Finanças, recordou na TSF os técnicos do FMI com quem teve de negociar em 1983, aquando da segunda intervenção do fundo em Portugal.
«[Os técnicos do FMI] têm esquemas de abordagem dos problemas mas discutem e modificam muitas vezes as suas opções», recordou.
Vinte e oito anos depois, os técnicos do FMI voltam esta terça-feira ao Ministério das Finanças, agora com o BCE e a Comissão Europeia, para conferirem as contas do país e da Banca e verificarem a situação da economia.
Jacinto Nunes frisou que actualmente a situação orçamental é mais grave do que a que vivíamos na década de 80. Ainda assim, considerou que há matérias em que Portugal não deve ceder, por exemplo na questão das reformas mais baixas.
«Devemos tomar uma posição muito firme. Não admitir que haja congelamento das pensões mais baixas até pelo menos ao valor do salário mínimo. E estou convencido que eles cedem», defendeu.
Outra matéria em que Jacinto Nunes considerou que Portugal deve fazer "finca pé" é na manutenção da Caixa Geral de Depósitos (CGD) como banco público.
«O que a CGD precisa é de ser desregulamentarizada. A sua administração, como a do Banco de Portugal (BdP), devia ser fora da esfera do Governo», considerou.
Em relação aos juros que Portugal irá pagar por este empréstimo ao FMI, BCE e Comissão Europeia, Jacinto Nunes admitiu que poderá rondar os cinco por cento.