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O restaurante O Orelhas, em Queijas, é o espaço luminoso de Paulo Travassos. Anfitrião e amigo de todos, governa diariamente o que é também ponto de encontro de amigos, famílias e amantes do vinho. Uma refeição no Orelhas é sempre um grande acontecimento.
Começamos com deliciosos salgadinhos, fritos no momento, muitas vezes vêm ainda quentes para a mesa. Debica-se um queijinho fatiado e Paulo abre uma garrafa de vinho branco, dos muitos que povoam a sua invejável garrafeira. Entre as entradas quentes, temos bastante por onde escolher. São fantásticas as ameijoas à Bulhão Pato, produto de gabarito e processamento canónico. Faz-se uma belíssima farinheira frita, crocante e gostosa como se deseja. E as gambas al ajillo desta casa altaneira são deliciosas. Com o bom pão da casa, estamos garantidos.
Os pratos de peixe seguem a linha caseira, inspirada na faina e na frescura. Isto para dizer que o bacalhau com natas é de comer e chorar por mais. Cremoso e bem apaladado. Faz-se uma massada de garoupa que nos coloca nas nuvens. Para saborear lentamente e apreciar devidamente o elevado nível culinário praticado. E há filetes de peixe-galo deliciosos, de fritura irrepreensível, que acompanhamos com um bom arroz ou as belíssimas batatas fritas que a cozinha prepara com empenho e carinho.
Os pratos de carne são muitos e variados, há que consultar antes de ir para saber com o que se pode contar. De vez em quando há cozido à portuguesa, feito a preceito, com toda a parafernália favorita do português. O cabrito assado é do outro mundo e vem com batatas assadas e molho do assado. Uma maravilha. O arroz de cabidela é excecional, tudo no ponto certo, sem faltar o obrigatório golpe de vinagre que faz a alma e a diferença do prato. A cozinha produz excelentes costeletas de borrego fritas ou grelhadas, consoante o gosto. Há um bife do lombro frito à portuguesa que encanta qualquer mortal. E faz-se costeletas de vitela de primeiríssima qualidade.
Reserve espaço no estômago para a sobremesa, que as há bem boas nesta casa abençoada. O arroz-doce é, como tudo o resto, caseiro e repete-se várias vezes. A barriga de freira, doce que de certa forma deixou de se ver nos restaurantes, é muito boa. Há farófias, das melhores que já experimentei. O leite-creme obedece à cartilha do tempo da infância. E a mousse de chocolate apetece sempre. O que apetece mesmo é voltar amanhã, ou mesmo todos os dias. No Orelhas é tudo sempre novo.