Ministro britânico diz que não é do interesse da Rússia intervir militarmente na Ucrânia
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague, defendeu hoje que «não será verdadeiramente do interesse da Rússia» intervir militarmente na Ucrânia, acrescentando estar em «diálogo permanente» com os russos.
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Questionado pelo apresentador do canal de televisão BBC Andrew Marr sobre a eventualidade de um «envio de tanques russos» para a Ucrânia, William Hangue respondeu: «Nós não sabemos qual será a próxima reação dos russos. (...) Não será verdadeiramente do interesse da Rússia fazer uma coisa semelhante».
«Vou falar amanhã [segunda-feira] com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergueï Lavrov. Nós estamos em diálogo permanente com a Rússia e é muito importante que se mantenha» esse diálogo, «principalmente no caso de haver uma ajuda financeira».
A propósito da questão financeira, William Hangue apontou que a economia ucraniana está a passar por um momento «extremamente difícil», em que precisam «desesperadamente» de um programa económico que evite que o país caminhe para uma situação ainda mais grave.
«É importante que a Rússia não faça nada para por em causa esse programa económico», defendeu.
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergueï Lavrov, criticou no sábado a atitude da oposição ucraniana, depois do acordo assinado com o presidente Viktor Ianukovich, que foi de seguida destituído do cargo.
«A oposição não só não cumpriu com nenhuma das suas obrigações, como apresentou novas exigências, submetendo-se aos extremistas armados e aos saqueadores, fazendo com que a sua conduta constitua uma ameaça direta à soberania e à ordem constitucional da Ucrânia», sublinhou o ministro russo.
Por seu lado, o ministro britânico defendeu que existe agora «uma janela de oportunidade para a Ucrânia», mas existem ainda muitos perigos.
«A situação política, mesmo no seio da oposição, é muito complexa e é claro que se trata de um país dividido», disse William Hangue.
Sublinhou, por outro lado, a «urgência» em formar um «governo de unidade» e de «se entenderem sobre a Constituição».
«É do interesse do povo ucraniano poder fazer trocas comerciais com a União Europeia, e é do interesse do povo da Rússia que isso aconteça», acrescentou o ministro britânico.