"Ações cada vez mais agressivas." Biden critica conduta da China em conversa com Xi Jinping
Críticas foram avançadas durante a primeira reunião pessoal de Biden com o Presidente chinês, Xi Jinping, realizada na Indonésia.
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O Presidente norte-americano, Joe Biden, criticou esta segunda-feira as "ações coercitivas e cada vez mais agressivas" da China em relação a Taiwan e levantou preocupações de direitos humanos sobre a conduta de Pequim em Xinjiang, Tibete, e em Hong Kong.
As críticas foram avançadas durante a primeira reunião pessoal de Biden com o Presidente chinês, Xi Jinping, realizada na Indonésia, avançou a Casa Branca.
De acordo com o Governo chinês, a discussão da "questão Taiwan" foi imediatamente travada pelo Presidente Xi, que avisou Biden tratar-se da "primeira linha vermelha que não deve ser cruzada" nas relações EUA-China.
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A conversa entre os dois chefes de Estado, que durou cerca de três horas, tinha como objetivo "gerir" as diferenças entre as superpotências que competem por influência global face ao aumento das tensões económicas e de segurança.
Xi e Biden cumprimentaram-se com um aperto de mãos, num 'resort' de luxo situado na Indonésia, à margem das suas participações na cimeira do G20 (as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia).
"Como líderes das duas nações, partilhamos a responsabilidade, na minha opinião, de mostrar que a China e os Estados Unidos podem gerir as suas diferenças, impedir que a concorrência resvale para um conflito e encontrar maneiras de trabalhar juntos em questões globais urgentes que exigem a nossa cooperação mútua", disse Biden na abertura da reunião.
Por sua vez, Xi pediu a Biden que "trace o caminho certo" e "eleve a relação" entre a China e os EUA.
As relações entre os dois países têm ficado mais tensas a cada administração norte-americana, à medida que as diferenças económicas, comerciais, de direitos humanos e de segurança vão sendo denunciadas.
Como Presidente, Biden tem repetidamente criticado a China por abusos de direitos humanos contra o povo uigure e outras minorias étnicas, a repressão a ativistas da democracia em Hong Kong, as práticas comerciais agressivas, as provocações militares contra Taiwan e as divergências sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Segundo a Casa Branca, Taiwan emergiu, na reunião de hoje, como uma das questões mais controversas entre Washington e Pequim.
Durante os dois anos da sua presidência, Biden afirmou várias vezes que os EUA defenderiam a ilha no caso de uma invasão liderada por Pequim.
A viagem que levou, em agosto passado, a líder do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, a Taiwan, resultou em retaliações da República Popular da China, com exercícios militares e disparo de mísseis balísticos em águas próximas de Taiwan.
Ainda assim, Joe Biden reiterou hoje o seu apoio à política de 'Uma só China' - ou seja, que Taiwan continua a fazer parte do país - e admitiu que não vê "uma tentativa iminente" de Pequim invadir Taiwan.
De acordo com a Casa Branca, Joe Biden teve uma discussão "sincera" com Xi Jinping sobre os principais pontos de discórdia, tendo o Presidente norte-americano admitido que os EUA "continuarão a opor-se vigorosamente à concorrência da China", mas reconhecendo ser necessário "deixar abertos canais de comunicação".
Na conversa, ficou, aliás, combinada uma visita à China do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Outras das questões difíceis da reunião foram a guerra na Ucrânia e a as provocações da Coreia do Norte.
O Presidente dos EUA também mencionou as suas "preocupações com a atitude provocatória" da Coreia do Norte, avisando que "todos os membros da comunidade internacional devem encorajar" Pyongyang a "agir com responsabilidade".
Biden criticou as práticas económicas da China, considerando que "prejudicam trabalhadores e famílias norte-americanas e de todo o mundo", disse a Casa Branca.
A referência foi feita depois de, há algumas semanas, a administração Biden ter bloqueado as exportações de 'chips' de computador avançados para a China, uma medida "de segurança nacional" que visa reforçar a competição dos EUA contra Pequim.
O Governo de Xi condenou a medida, alegando que "iniciar uma guerra comercial ou uma guerra tecnológica, construir muros e barreiras e fazer pressão com cortes de cadeias de abastecimento contraria os princípios da economia de mercado e prejudica as regras do comércio internacional".
Os responsáveis da Casa Branca e do Governo chinês passaram semanas a negociar os pormenores do encontro, realizado com tradutores a fornecer interpretação simultânea.
Os líderes falaram sentados frente-a-frente, numa mesa com mais de três metros onde apenas se encontrava um elaborado arranjo floral, dentro de uma sala de conferências sem janelas.
Cada líder foi acompanhado por nove assessores, todos com máscaras faciais e, no caso de Xi, um responsável recém-elevado à liderança no recente Congresso.