Angola: Resposta contra manifestantes «colocou regime numa situação muito mais delicada»
O activista angolano Rafael Marques condenou a resposta governamental contra os jovens que se manifestaram no sábado em Luanda e alertou o Governo para «não precipitar uma situação que eventualmente possa escapar ao seu próprio controlo».
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Em declarações à agência Lusa, Rafael Marques considerou que a «resposta autoritária» de sábado contra um grupo de manifestantes que exigia a "destituição do Presidente José Eduardo dos Santos» na capital angolana «colocou apenas o próprio regime numa situação muito mais delicada».
«A reacção da Polícia Nacional e da Presidência da República demonstra que não estão a aprender com o exemplo do Egipto, da Tunísia e de outros países, onde a repressão só agravou a situação», vincou o activista e jornalista angolano.
Rafael Marques enalteceu a «coragem dos jovens», que avisaram previamente as autoridades da sua intenção, e lembrou que o direito a manifestar-se de «forma pacífica» está consagrado na Constituição angolana e faz «parte do processo de democratização da sociedade».
O fundamental neste momento, segundo Marques, é que o Governo de José Eduardo dos Santos compreenda que o «modo como tem gerido o país - de forma autoritária - está a chegar ao fim» e que «precisa de começar a encontrar vias para evitar esse tipo de manifestações e dialogar com as pessoas».
Isto para que se consiga «uma transição pacífica para um modelo verdadeiramente democrático em que as pessoas utilizem as eleições para escolher os seus governantes», sustentou.