O partido angolano Bloco Democrático disse que mais de 50 pessoas terão sido detidas na sequência da manifestação de jovens em Luanda este sábado, acusando ainda a polícia de rapto, agressão e de utilizar gases tóxicos contra manifestantes.
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Em comunicado enviado à agência Lusa, assinado pelo líder do partido Justino Pinto de Andrade, o Bloco Democrático -a primeira organização política a reagir aos acontecimentos - acusa a Polícia Nacional de ter encetado uma «repressão violenta» para acabar com a manifestação «legítima» do grupo de jovens, tendo para o facto feito «desaparecer um dos organizadores, antes mesmo do início da manifestação».
O partido diz que os restantes organizadores ter-se-ão dirigido à polícia para dar conhecimento do alegado rapto, mas que as autoridades terão detido um dos participantes, dando conta que uma militante do partido também terá sido detida.
«Foi presa uma manifestante, militante do Bloco Democrático, Ermelinda Freitas, sendo levada para parte incerta, somente tendo sido localizada muitas horas depois na Esquadra da Ilha de Luanda. Outros dois manifestantes, Adolfo e Luamba, foram barbaramente agredidos pela Polícia Nacional, tendo dado entrada inanimados, no Hospital Maria Pia, de onde foram transferidos para o Hospital Militar, onde receberam tratamento e posteriormente conduzidos para a cadeia», acusa o partido de Justino Pinto de Andrade.
O Bloco diz ter conhecimento de que cerca de 50 manifestantes terão sido detidos, entre eles, três organizadores da manifestação, e que quinze jovens terão sido perseguidos e detidos nas imediações da Rádio Eclésia. A direcção do partido diz também que já falou com os responsáveis políticos para denunciar a situação e a exigir medidas imediatas para a libertação dos detidos.
O Bloco Democrático foi criado em 2010 e pretende constituir-se como uma alternativa ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) - no poder há três décadas - e tem como presidente Justino Pinto de Andrade, economista, tal como o secretário-geral Filomeno Vieira Lopes, assumindo-se como um defensor dos «grandes ideias de liberdades, das grandes ideias de democracia e dos grandes ideais de cidadania.