No primeiro dia do Ramadão, mês sagrado dos muçulmanos, o Exército sírio provocou, esta segunda-feira, a morte de seis pessoas, para acabar com protestos contra o regime político.
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Segundo um militante no local contactado pela agência noticiosa francesa AFP, tanques do Exército sírio estavam a penetrar num bairro residencial perto de Hama, a cidade rebelde do centro do país e palco de violentos confrontos no domingo.
«Dez tanques estão na iminência de bombardear de forma indiscriminada Dawar Bilal, um bairro residencial nos arredores de Hama», declarou o militante, contactado por telefone.
O presidente do Observatório sírio dos direitos humanos, Rami Abdul Rahman, contactado em Londres por telefone pela agência noticiosa espanhola Efe, disse que pelo menos quatro pessoas foram mortas em Hama (centro da Síria) e duas outras na localidade de Albu Kamal, na província oriental de Deir el Zur.
As seis vítimas morreram por disparos das forças de segurança, que prosseguiram a repressão nas mesmas zonas que no domingo foram cenário de grandes manifestações e onde dezenas de pessoas perderam a vida.
«O regime sírio tenta controlar os protestos antes do Ramadão, mas este movimento é impossível de parar», assegurou Abdul Rahman, que garantiu que apesar das detenções maciças, mais de um milhão e meio de pessoas saiu às ruas nos principais bastiões da rebelião.
No domingo, dezenas de pessoas foram mortas em várias cidades, com destaque para Hama, onde o Observatório sírio identificou 52 vítimas.
O grupo Comités Locais de Coordenação explicou ainda que as vítimas de Hama foram provocadas por um bombardeamento indiscriminado de tanques e artilharia pesada do Exército no bairro de Hamidiya.
Num desenvolvimento paralelo, e no 66º aniversário da fundação das Forças Armadas sírias, o Presidente Bachar al-Assad elogiou os militares pela sua «lealdade» durante um discurso difundido pelos "media" oficiais.
Na mensagem, publicada na revista do Exército e divulgada pela agência oficial SANA, o chefe de Estado sublinha que, desde a sua criação, as Forças Armadas têm constituído «um modelo de compromisso pelas causas da nação».