O secretário-geral da ONU, declarou, na sexta-feira, estar cético em relação à vontade do regime de Bashar al-Assad em desmantelar o arsenal químico sob supervisão internacional.
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Numa entrevista à cadeia televisiva France 24, Ban Ki-Moon disse que, embora considere o plano russo e a resposta de Damasco encorajantes, constata «no seio da comunidade internacional um certo ceticismo» que também partilha.
«Por conseguinte, é importante que as autoridades sírias cumpram com que o disseram de forma sincera e precisa», a fim de provarem a sua boa-fé, sublinhou o secretário-geral da ONU.
Entretanto, o presidente da comissão de negócios estrangeiros do parlamento russo, Alexeï Pouchkov, classificou hoje como irrealista o prazo definido pelos Estados Unidos para a Síria colocar as suas armas químicas sob controlo internacional.
«A exigência dos Estados Unidos de que as armas químicas passem para o controlo internacional em duas ou três semanas simplesmente não é profissional», disse Pouchkov, lembrando que na Síria «há pelo menos 42 locais de armazenagem destas armas, algumas das quais se encontram em zonas de combate».
O Governo sírio enviou às Nações um pedido de adesão à Convenção que proíbe as armas químicas, de 1993, enquanto russos e norte-americanos discutem desde quinta-feira, em Genebra, um plano de desmantelamento das armas químicas sírias.
Ban Ki-moon também pediu uma «ação firme e decisiva da comunidade internacional», no caso de o relatório dos inspetores da ONU concluir a utilização de armas químicas. «Se for confirmado por um exame científico que foram utilizadas tal constituirá uma grave violação das leis internacionais», disse.
Nesse caso, «acredito que a comunidade internacional deverá tomar medidas firmes e necessárias para garantir que este tipo de crime não se repita e para levar à justiça os culpados», frisou.
«O Conselho de Segurança deverá desempenhar um papel bastante decisivo» para o efeito, apontou, sem precisar, contudo, que se as «medidas firmes» incluem o recurso eventual à força.
O relatório dos especialistas da ONU, que investigaram no terreno as acusações de massacre com armas químicas em 21 de agosto perto de Damasco, deve ser divulgado na segunda-feira.