O Conselho de Governadores reuniu-se esta quinta-feira em Atenas.
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O Banco Central Europeu (BCE) mantém, esta quinta-feira, as taxas de juro nos 4,5%. Este é o primeiro travão no ciclo de subidas desde julho de 2022.
"O Conselho de Governadores decidiu hoje manter inalteradas as três taxas de juro diretoras do BCE", pode ler-se numa nota publicada no site do BCE.
We kept our interest rates unchanged at our latest meeting.
- European Central Bank (@ecb) October 26, 2023
See our monetary policy decisions https://t.co/ZXIUvujlVx pic.twitter.com/F54JWZQ7GD
"A inflação deverá permanecer muito elevada durante um longo período de tempo e as pressões internas sobre os preços permanecem fortes. Ao mesmo tempo, a inflação caiu acentuadamente em setembro, nomeadamente devido a fortes efeitos de base, e a maioria das medidas da inflação subjacente continuou a diminuir", acrescenta.
O BCE indica ainda que os anteriores aumentos das taxas de juro "continuam a ser transmitidos vigorosamente às condições de financiamento" e que isso "está a atenuar cada vez mais a procura, ajudando a reduzir a inflação".
O Conselho de Governadores reuniu-se esta quinta-feira em Atenas, na Grécia, para debater a política monetária da zona euro.
Em setembro, o BCE fez uma nova subida nas suas taxas diretoras. A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passou para 4,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez passou para 4,75%. Estas taxas são o valor que que os bancos centrais da zona euro cobram as bancos comerciais para lhes emprestarem dinheiro.
Já a facilidade permanente de depósito serão passou para 4,00%, o que indica o valor a que o BCE remunera o dinheiro que os bancos lhe confiam.
No mesmo comunicado, o Conselho de Governadores reitera que o BCE está "determinado em assegurar que a inflação seja de 2% a médio prazo".
Quando o BCE altera as taxas de juro diretoras, tal reflete-se no conjunto da economia, sendo algumas das faces mais visíveis o aumento dos empréstimos bancários, desde logo do crédito à habitação.
Lagarde "vê-se obrigada a esperar por novos dados"
Em declarações à TSF, Vítor Madeira, economista e analista de mercados da corretora XTB, refere que a decisão do BCE já era esperada devido à descida da inflação que vem sendo registada desde setembro, mas também pelo já notório arrefecimento económico europeu.
"A taxa de inflação desceu de forma acentuada nestes últimos dados de setembro, passando dos 5,2% para os 4,3% e é esperado que a descida continue já neste mês, podendo mesmo cair abaixo dos 4%", refere o analista, que nota o abrandamento dos "motores da economia, principalmente na Alemanha, França e Itália, onde o crescimento económico é quase inexistente e na previsão para os próximos trimestres também o é".
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Assim, é "normal" que Lagarde "não feche a porta a mais subidas, mas vê-se obrigada a esperar por novos dados" para "perceber se a inflação de facto continua mesmo a cair e vai em direção ao objetivo dos 2%", o que será um bom sinal, mas caso tal não aconteça - o que pode ser causado pelos "riscos geopolíticos" -, "então poderá haver ainda espaço para mais subidas".
"Nós não acreditamos que isso irá acontecer pela questão do arrefecimento macroeconómico, porque se também sobe demasiado a taxa de juro, poderá então asfixiar a economia de tal maneira que depois ok, os preços caem, mas a economia entra numa recessão profunda e também não é esse o objetivo", avisa.
Notícia atualizada às 21h27