Bélgica em alerta máximo com ataque "inspirado pelo Estado Islâmico" acolhe visita de Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa inicia visita de Estado de três dias à Bélgica, com o país no nível mais elevado de alerta de ataque terrorista.
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As autoridades belgas elevaram, na segunda-feira, o estado de alerta para o nível 4, o mais elevado na escala que mede o risco de atentado terrorista. O gabinete de crise adota esta medida classificada como "muito grave", quando interpreta uma situação de "ameaça" como "grave ou iminente".
A decisão ocorre na sequência de um ataque, com uma arma de guerra, no centro de Bruxelas, do qual resultaram dois mortos e um ferido. O ataque foi reivindicado por um homem que afirma ser "o agressor", agindo "inspirado pelo Estado Islâmico", anunciaram as autoridades belgas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou, na segunda-feira, à Bélgica, tinha previsto um encontro informal com a comunidade portuguesa, em Bruxelas, para assistir à transmissão do jogo Bósnia-Portugal.
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Mas, "à saída do jantar privado oferecido pelo, por sua majestade o Rei Filipe e por sua majestade, a Rainha Matilde", Marcelo Rebelo de Sousa foi informado de que "havia uma situação, que coincidia com o jogo que estava a realizar-se em Bruxelas, entre a Bélgica e a Suécia, em que houve violência", relatou o Presidente da República aos jornalistas, já no hotel, para onde foi aconselhado a "seguir directamente" pelas autoridades.
"Houve realmente a morte violenta de dois suecos. E isso teve como consequência que eu deveria ter seguido para um estabelecimento comercial português para com o portugueses assistir ao jogo [Portugal-Bosnia] e as autoridades competentes entenderam que eu deveria seguir diretamente para aqui para o hotel", afirmou.
As autoridades confirmaram que o atacante se colocou em fuga após os disparos. Num vídeo publicado nas redes sociais, em que o atacante reivindica a autoria das mortes, "a nacionalidade sueca das vítimas é mencionada como motivação provável do ato", refere uma nota do gabinete de crise da Bélgica.
Marcelo Rebelo de Sousa foi informado pelas autoridades sobre a configuração de segurança em Bruxelas, sendo aconselhado para permanecer no hotel com a sua comitiva.
"Neste momento aquilo que eu sei é que (...) o agressor invocou, de facto, um fator religioso associável a um problema que teria havido, (...) na Suécia, há não muitos meses e que, portanto, isso deu uma caracterização que está a ser estudada pela das autoridades", referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Estes elementos apurados pela Polícia Federal levou à adopção de "medidas de segurança urgentes para proteger da melhor forma os adeptos suecos contra possíveis novos ataques".
Coincidência
Questionado sobre se via neste ataque, que as autoridades belgas estão a investigar como um atentado, alguma ligação ao agravar da situação no Médio Oriente, Marcelo Rebelo de Sousa faz outra leitura, considerando "prematuro, nesta altura, estabelecer uma ligação entre isso e aquilo que está a ser vivido no Médio Oriente".
"Parece ser mais uma questão anterior que aparece agora, neste momento, por um facto muito simples, pela oportunidade que este desafio de futebol [Bélgica-Suécia] acabou por criar, objetivamente, para esta situação que eu lamento e que já tive a ocasião de lamentar a sua majestade por ter ocorrido aqui" sublinhou, considerando também "lamentável se se vier a apurar que é realmente um gesto terrorista".
Cimeira debate Médio Oriente
A falar em Bruxelas, onde arranca, esta terça-feira, a sua visita de Estado de três dias ao Reino da Bélgica, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda à "unidade" da União Europeia, no dia em que os 27 se reúnem por video-conferência, para debaterem a situação no Médio Oriente.
"A União Europeia tem aqui mais um desafio difícil, mas importante, num momento em que o mundo, por causa da guerra da Ucrânia, está a defrontar uma mudança na balança de poderes e em que, em muitos casos, é a União Europeia e só a União Europeia pode aí desempenhar um papel importante, mais do que outros poderes ou em conjunto com outros poderes do mundo", afirmou o Presidente da República, considerando que "para isso é fundamental, como tem acontecido na Ucrânia, atuar em unidade, atuar com rapidez, com antecipação e com capacidade de previsão dos acontecimentos".
A cimeira extraordinária acontece dez dias após os ataques do Hamas, no sul de Israel, e numa altura em que se teme uma invasão do território palestiniano pelas forças armadas israelitas.
Em cima da mesa no encontro por videoconferência está também o alerta para a possibilidade do conflito no Médio Oriente desencadear uma onda migratória para os países da região, já com "um número significativo de refugiados no próprio território", refere o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na carta que endereçou aos líderes europeus.
"O envolvimento com atores regionais" é uma opção tida como "crucial", considerando que os que sofrem o maior impacto do conflito "podem desempenhar um papel eficaz", afirma, dizendo que o seu objectivo é "não perder de vista a importância de buscar uma paz duradoura e sustentável com base numa solução de dois Estados".
Numa posição já expressa de forma unânime, os 27 consideram que devem ser retomados todos os esforços para relançar "o processo de paz do Médio Oriente".
Relembrando o papel da União Europeia no apoio humanitário para a Ucrânia, o presidente do Conselho Europeu defende que também agora deve ser reforçada a assistência humanitária aos mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que devem ser feitos todos os esforços para evitar a escalada regional do conflito no Médio Oriente.