O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, reiterou numa entrevista publicada hoje no Bild am Soontag que a Alemanha quer que a Grécia permaneça no euro, mas pediu a Atenas que cumpra o acordo e modere as suas declarações.
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«Não queremos um 'Grexit'», afirmou Schäuble, numa referência a uma eventual saída da Grécia da zona euro, mas considerou que a decisão final a esse respeito cabe a Atenas.
«Somos solidários, mas não extorsionários. Ninguém forçou a Grécia ao programa de ajuda. Por isso, está totalmente nas mãos do governo de Atenas», acrescentou.
O ministro das Finanças alemão sublinhou que «os acordos adotados estão vigor», ou seja, Atenas deve continuar com os ajustes e reformas assumidas como contrapartidas no programa que acompanhou o seu segundo resgate e que a extensão de quatro meses acordada recentemente não prevê novos desembolsos para o país.
Atenas «tem a palavra. Se a Grécia não cumprir [com o acordo], não haverá mais ajudas», acrescentou o governante alemão.
Além disso, Schäuble considerou que tanto o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, como o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, deveriam baixar o tom, embora pessoalmente dê mais valor «aos acordos do que às declarações». «Seria bom que o governo grego não falasse de modo que nos seja difícil convencer os nossos cidadãos», comentou.
O homem forte da chanceler alemã, Angela Merkel, evitou, no entanto, avançar se Atenas irá precisar de mais ajudas assim que concluir o programa. Schäuble considerou ainda que 'é preciso dar algum tempo aum governo novo», aludindo ao facto de o partido da esquerda radical Syriza ter chegado ao poder após as eleições de 25 de janeiro.
Na sexta-feira, os deputados alemães aprovaram, por esmagadora maioria, o prolongamento do programa de resgate por quatro meses, até 30 de junho próximo, após um compromisso entre os ministros europeus das Finanças e Atenas, que aceitou manter as reformas.
«O meu homólogo grego tem o direito a ser tão respeitado quanto os outros», afirmou Schauble sobre Yanis Varoufakis: «Ele comportou-se comigo de forma absolutamente correta».