Pilotos das três companhias norte-americanas que operam aviões Boeing 737 Max testaram as alterações de software desenvolvidas pela Boeing para o sistema de estabilização das aeronaves.
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A Boeing está a testar um novo software para os modelos 737 Max. Os pilotos e funcionários da Southwest, American e United Airlines reuniram-se com funcionários da empresa, no passado sábado, para analisar as mudanças de software. Os testes já tinham sido anunciados pelo jornal New York Times, mas a CNN adianta novos detalhes.
A cadeia de televisão norte-americana cita fonte próxima do processo e informa que as mudanças pretendem diminuir o risco do Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS) se ativar de forma espontânea.
Os pilotos utilizaram um simulador de voo para recriar as condições em que se deu o acidente da Lion Air na Indonésia, no ano passado, e foi testada uma versão atualizada do software que controla o sistema de estabilização do avião, ainda de acordo com a CNN.
Na simulação, os pilotos conseguiram aterrar os aviões em segurança. Durante as provas com a versão anterior do software os pilotos tiveram que desativar o sistema MCAS, mas quando foi utilizada a nova versão "a intervenção dos pilotos foi menor", segundo a mesma fonte.
O software atualizado pela Boeing usa dois sensores no nariz do avião, em vez de um, e foi projetado para não acionar o sistema MCAS repentinamente. As investigações indicam que a ativação deste sistema inclinou o 'nariz' do avião da Lion Air de forma tão pronunciada que as 'tentativas dos pilotos para recuperar o controlo do aparelho foram inúteis'.
"Reunião produtiva"
Em comunicado, o fabricante de aviões apelidou a reunião de "produtiva" e anunciou, para quarta-feira, uma sessão de esclarecimento com a presença de representantes da Agência Federal de Aviação (FAA), autoridade que regula o setor aeronáutico norte-americano, e "mais de 200 pilotos e técnicos". A Boeing revela ainda que estas ações são "parte do plano para o regresso seguro do 737 Max ao serviço comercial".
"Tivemos uma sessão produtiva no último sábado. Ao mesmo tempo, continuamos a trabalhar em estreita colaboração com nossos clientes e reguladores em atualizações de software para o 737 Max, " acrescenta a Boeing.
Contactado pela CNN, o regulador aeronáutico norte-americano não quis tecer qualquer comentário. Mas fonte próxima dos testes disse que a FAA deverá receber a atualização do software brevemente, acrescentando que "a FAA não pode permitir que dezenas de aviões 737 Max regressem aos ares até que saiba mais sobre as causas do acidente aéreo etíope", disse.
A agência reguladora do transporte aéreo dos Estados Unidos da América deu ao fabricante até abril para modificar o sistema MCAS.
Um relatório divulgado anteriormente pelo jornal The Seattle Times apontava que algumas análises, antes do segundo acidente, descobriram que o sistema revelava falhas cruciais.
As investigações sobre a tragédia da Lion Air, que matou 189 pessoas em outubro passado, e o acidente com um avião da Ethiopian Airlines 737 Max 8, que matou 157 pessoas a 10 de março, continuam.
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