Em entrevista à TV Globo, o candidato à reeleição no Brasil disse que fez o possível no combate à pandemia que já matou 680 mil brasileiros, e que o seu governo, apesar dos escândalos, não tem corrupção. Nas maiores cidades do país, ouviram-se panelaços.
Corpo do artigo
Sob panelaços, o protesto típico no Brasil que consiste em bater panelas das varandas, Jair Bolsonaro foi o primeiro dos quatro principais candidatos à presidência a ser entrevistado pelo Jornal Nacional, o mais relevante noticiário da TV Globo e da televisão brasileira.
E o candidato à reeleição garantiu que vai respeitar o resultado das urnas sejam elas quais forem - numa altura em que o seu principal adversário, Lula da Silva, está no limite de vencer logo à primeira volta. No entanto, Bolsonaro acrescentou um ambíguo "desde que as eleições sejam limpas".
"Seja qual for [o resultado], eleições limpas devem e tem que ser respeitadas (...) Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas", afirmou ao ser questionado se vai aceitar o resultado da votação em urnas eletrónicas, adotadas no país em 1996.
Bolsonaro disse ainda que o seu governo fez o possível para combater a pandemia. Mas voltou a insistir no tratamento precoce - com o uso de cloroquina e outros remédios ineficazes - contra a Covid-19. Afirmou também que, quando sugeriu que quem usasse a vacina se transformaria em jacaré, estava apenas a usar "uma figura de linguagem típica na literatura portuguesa". E quando imitou pessoas com falta de ar, também.
Na economia, atribuiu à pandemia e à guerra na Ucrânia o aumento da inflação, das taxas de juro e do preço do dólar.
No meio ambiente, comparou as queimadas e os desmatamentos aos incêndios no sul da Europa, incluindo Portugal. "O Brasil destruidor de florestas? É uma mentira", afirmou.
Sobre a aliança do governo com o "centrão", grupo de deputados assumidamente clientelistas e representantes da chamada "velha política", ao contrário do que prometera em 2018, Bolsonaro justificou: "Caso não me aliasse a esses cerca de 300 deputados, eu seria um ditador."
"Nós estamos num governo sem corrupção", disse ainda, apesar dos casos de desvio de dinheiro de pastores evangélicos, amigos do ministro da educação, e outros escândalos. "Eu tive quatro ministros na educação porque eles se revelaram só depois de se assumirem."
O próximo candidato a ser ouvido pela Globo é Ciro Gomes, na noite de quarta-feira. Lula fala quinta e Simone Tebet, na sexta.
As eleições do Brasil estão marcadas para dia 2 de outubro e dia 30 do mesmo mês, caso seja necessária segunda volta.