O jornal francês "Charlie Hebdo" atreveu-se, na semana passada, a publicar caricaturas que utilizam a imagem da criança morta numa praia turca. Os desenhos causaram polémica. Agora um cartoonista francês diz que é preciso explicar o óbvio.
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A edição sobre a crise dos refugiados não provocou críticas em França, mas no estrangeiro a publicação não foi poupada, sobretudo pela caricatura que mostra Aylan Kurdi, a criança síria de três anos cujo cadáver deu à costa numa praia turca, onde se vê um cartaz com publicidade ao McDonald's onde pode ler-se: "Dois menus-criança pelo preço de um".
Noutro desenho, também da autoria de Riss, vê-se um cristão, aparentemente Jesus, e o título "A prova que a Europa cristã existe", lê-se: "Os cristãos caminham sobre a água, as crianças muçulmanas afogam-se".
Os dois desenhos foram publicados no interior do jornal, mas só deram que falar depois de ter sido divulgada uma fotomontagem através do Twitter como se as caricaturas fossem a capa da edição de 9 de setembro. As vozes mais críticas dizem que as caricaturas são "racistas", "xenófobas" e incitam ao "ódio racial".
Esta sexta-feira, Hank, um cartoonista francês, veio responder à polémica, afirmando: "N"oubliez jamais que vos yeux sont reliés à votre cerveau" ("Nunca se esqueçam que os vossos olhos estão ligados ao cérebro"). É ainda publicada uma imagem que explica a caricatura.
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Escreve Hank: 1 - "Este não é um desenho divertido, denuncia uma situação"; 2 - " Encontramos neste desenho o que chamamos de símbolos".
"O céu é azul na Europa onde tudo está bem. Em baixo, o mar não é azul, a areia não é amarela e a erva não é verde. Porquê? Porque um pequeno rapaz está morto. Aylan tornou-se o símbolo de um povo que foge da guerra e da barbárie para vir morrer às portas da Europa". Sobre o cartaz do McDonald's, Hank explica que é "o símbolo da comida e da abundância".