O juiz espanhol Pablo Ruz começou hoje as audições a quatro ex-dirigentes do Partido Popular espanhol no âmbito do processo de investigação sobre a existência de uma alegada contabilidade paralela.
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Antonio Ortiz, ex-contabilista do PP, começou a ser ouvido às 10:20 (09:20 em Lisboa), o primeiro de quatro testemunhas que estarão hoje no tribunal.
Segue-se o ex-administrador do partido e, mais tarde, as testemunhas que suscitam mais atenção mediática, os ex-secretários-gerais Francisco Álvarez-Capacetes e Javier Arenas. Na quarta-feira é a vez da atual secretária-geral, María Dolores de Cospedal.
No arranque da primeira audição o juiz solicitou a todos os advogados presentes que entregassem telefones e outros dispositivos móveis para evitar filtrações como as que ocorreram durante a audição de 15 de julho ao ex-tesoureiro Luis Bárcenas.
No passado dia 23 de maio, um outro quadro do partido, Luis Molero, declarou que Bárcenas lhe chegou a entregar, num só dia, até oito pacotes de dinheiro para que os depositasse na conta do partido.
O processo de acusação suspeita que com este procedimento os responsáveis pelas finanças do PP partiam pessoalmente as doações anónimas para que nunca superassem o limite legal estabelecido pela Lei de Financiamento de Partidos Políticos --de 60.000 euros até 2007 e de 100.000 a partir desse ano.
No dia 15 de julho Bárcenas alterou a suas declarações anteriores admitindo a existência de uma contabilidade paralela no PP, insistindo que o pagamento de salários não declarados aos dirigentes do partido e a entrada de doações não declaradas era conhecida da liderança.
Documentos de Bárcenas indicam, alegadamente, que vários dirigentes do partido, incluindo o atual presidente do Governo, Mariano Rajoy, teriam recebido ao longo de vários anos esse suplemento salarial não declarado.
No passado dia 1 de agosto Mariano Rajoy, disse no parlamento que não se vai demitir nem convocar eleições por causa das acusações de Bárcenas, afirmando que cometeu um erro quando confiou no ex-tesoureiro do Partido Popular.
«Cometi um erro ao manter a confiança em alguém que nós sabíamos que não a merecia», afirmou Rajoy, referindo-se a Luis Bárcenas, que confessou a existência de financiamentos ilegais e uma lista de distribuição de verbas não tributadas a figuras de topo do partido no poder em Espanha.