Evidências científicas são poucas, mas máscaras usadas em espaços públicos com muita gente, mesmo se forem feitas de pano, podem ajudar a desacelerar o avanço da Covid-19.
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O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) alterou as orientações sobre o uso de máscaras, admitindo que podem ser usadas por quem não está doente. Uma hipótese especialmente destinada a quando alguém visita espaços com muita gente ou fechados, como lojas, centros comerciais, supermercados ou, entre outros, nos transportes públicos.
Num novo documento publicado esta quarta-feira, o centro da União Europeia que aconselha os Estados em assuntos relacionados com a saúde pública abre no fundo a porta ao uso destas máscaras de uma forma mais genérica do que até agora, apesar de não tão genérica como nos países asiáticos ou mesmo nos Estados Unidos da América, cujas autoridades recentemente também alteraram a sua posição sobre o assunto.
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O ECDC conclui agora que o uso de máscaras em público pode ser um meio de controlo da expansão da Covid-19 por indivíduos já infetados mas sem sintomas, mesmo que ainda não se saiba se esta medida é melhor ou pior do que outras que têm o mesmo objetivo (travar o avanço da doença).
As máscaras de pano
Pela primeira vez, o ECDC refere-se não apenas às máscaras cirúrgicas, sublinhando que estas devem ser prioritariamente usadas pelo pessoal da área da saúde, mas também às máscaras de pano.
"O uso de máscaras não médicas feitas de vários tipos de tecidos pode ser considerado", especialmente se for preciso dar prioridade aos profissionais de saúde no acesso a máscaras cirúrgicas e se estas não existirem em quantidade suficiente para todos.
A recomendação anterior é feita mesmo com o ECDC a admitir que a evidência científica que existe sobre a eficácia destas máscaras de pano seja "indireta e limitada".
A agência europeia deixa, no entanto, um aviso: o uso de máscaras na comunidade, como acontece noutras regiões do mundo, como a Ásia, "só deve ser considerado como uma medida complementar e não substitutiva de outras como, por exemplo, a distância física, etiqueta respiratória, higiene das mãos e evitar tocar na cara, olhos e boca". O uso de máscaras de forma correta também é essencial para que valha a pena, de facto, usá-las.
Finalmente, qualquer recomendação das autoridades nacionais de saúde para usar máscaras na comunidade deve ter em conta, de forma cuidada, as evidências científicas limitadas sobre o assunto, a oferta de máscaras para todos e os seus potenciais efeitos negativos.
Ainda há dois dias, o ECDC tinha respondido à TSF que continuava a desaconselhar o uso de máscaras para quem não está doente, temendo que isso pudesse aumentar os riscos de infeção devido a uma falsa sensação de segurança.
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