Atirador trata-se de um antigo trabalhador ferroviário que já é alvo de dois processos judiciais.
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Há confrontos no centro de Paris entre a polícia e manifestantes depois do tiroteio que, esta sexta-feira de manhã, resultou na morte de três pessoas. Na sequência dos disparos, um homem de 69 anos foi detido.
Trata-se, segundo o canal noticioso francês BFM TV, de um antigo trabalhador ferroviário que já é alvo de dois processos judiciais, um deles relacionado com um assalto a um acampamento de migrantes e outro por um caso de violência, mas a gota de água para os confrontos nas ruas de Paris foram as declarações do ministro do Interior Francês, Gérald Darmanin, que se deslocou ao local. Afirmou que o atirador "queria obviamente ir atrás de estrangeiros".
Além disso, o governante expressou as suas "muito sinceras condolências" à "comunidade curda, que tem sofrido muitas perdas" e elogiou a atuação da polícia, que se deslocou ao local "em menos de 15 minutos".
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Entre os manifestantes há a convicção de que o atirador queria atingir diretamente a população curda da capital francesa, até porque os disparos aconteceram nas proximidades de um centro cultural curdo, mas o ministro não confirma esta intenção. O jornal francês Le Monda conta que, durante o discurso de Gérald Darmanin, alguns membros da comunidade curda foram mostrando raiva e indignação.
Um jornalista do mesmo jornal francês que está no local relatou, no Twitter, que foram atirados pregos, pedras e parafusos contra os polícias. Alguns deles ficaram mesmo feridos e a polícia já teve de lançar gás lacrimogéneo.
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No entanto, o ministro admitiu que ainda não são conhecidas, neste momento, as motivações exatas do atirador, mas admitiu que não terá agido sozinho e clarificou ainda que o homem não está referenciado como sendo de extrema-direita. O detido era atirador num clube desportivo e tinha declarado muitas armas.
Nas ruas desta zona de Paris já houve um reforço do número de operacionais. Entretanto, o Conselho Democrático Curdo, uma organização que reúne 24 organizações da diáspora curda em todo o país, convocou uma manifestação para sábado. Um protesto marcado para as 12h, hora local, na Praça da República.
Na conta oficial no Twitter, esse conselho afirma que morreram "três militantes curdos" e fala mesmo em ataque terrorista. A violência tem vindo a crescer ao longo da última hora e as autoridades pedem às pessoas da zona para que fiquem em casa.
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O Presidente francês, Emmanuel Macron, também já reagiu ao tiroteio, sublinhando que os curdos foram alvo de um "hediondo ataque" no coração de Paris.
"Os meus pensamentos estão com as vítimas, com as pessoas que lutam para viver, com as suas famílias e entes queridos. Gratidão às nossas forças policiais pela sua coragem e compostura", escreveu Macron no Twitter.
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O tiroteio ocorreu na rua de Enghien, no 10.º Bairro parisiense, perto do Centro Cultural Curdo Ahmet-Kaya, no centro da capital francesa.
Quando o atirador foi detido pela polícia, as forças de segurança francesas conseguiram apreender-lhe a arma.
"Sete a oito tiros na rua, foi o pânico total, ficámos trancados lá dentro [da loja]", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) sob anonimato um lojista de um prédio vizinho.
Entretanto, foi aberta uma investigação com base nas acusações de homicídio, homicídio doloso e violência agravada. As investigações foram, por enquanto, confiadas à brigada criminal da polícia judiciária parisiense, segundo avançou o Ministério Público de Paris.