Já na sexta-feira, depois de um ataque levado a cabo por por um reformado francês, alegadamente por motivos racistas, tinha havido confrontos entre a comunidade curda e a polícia.
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A véspera de Natal está a ser marcada por vários confrontos entre milhares de manifestantes curdos e a polícia, em Paris. Ao início da manhã deste sábado, centenas de membros da comunidade curda em França manifestaram-se em memória das três vítimas mortais do ataque de sexta-feira, levado a cabo por por um reformado francês, alegadamente por motivos racistas.
Devido aos confrontos entre a comunidade curda e a polícia, há estações de metro encerradas e o trânsito na capital francesa está cortado.
Milhares de pessoas reuniram-se este sábado na Praça da República, no leste de Paris, agitando bandeiras de grupos de direitos humanos curdos, partidos políticos e defensores de outras causas.
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A concentração foi em grande parte pacífica, mas alguns jovens atiraram projéteis e envolveram-se em escaramuças com a polícia, que usou gás lacrimogéneo para os tentar controlar.
Alguns manifestantes gritaram 'slogans' contra o Governo da Turquia, que enfrenta desde a década de 1980 uma insurgência do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), formado para lutar por um Estado curso independente
O fundador do PKK, Abdullah Ocalan, cumpre uma pena de prisão perpétua na Turquia, depois de ter sido detido em 1999.
Já na sexta-feira, depois do ataque tinha havido confrontos entre a comunidade curda e a polícia. Os curdos em França consideram que foram alvo de um ataque terrorista e acusam as autoridades de não os defender.
Um cidadão francês de 69 anos, com antecedentes criminais por ataques racistas e que tinha saído da prisão no dia 11 deste mês, depois de ter atacado um acampamento de imigrantes, foi o autor do assassínio de três curdos nas imediações de um centro cultural daquela comunidade na capital francesa, num tiroteio que também fez três feridos, um em estado crítico.
O ataque provocou uma grande comoção na comunidade curda de França, que se prepara para assinalar o 10.º aniversário do assassínio de três dos seus ativistas, a 10 de janeiro de 2013, por um radical turco que os executou com um tiro na nuca.
Esse crime ocorreu muito perto da rua Enghien, no central 10.º bairro de Paris, em que está muito arreigada a comunidade curda da cidade e onde se situa o centro cultural que foi cenário do massacre de hoje.
O ataque desencadeou protestos por parte da comunidade curda junto, forçando a polícia francesa a utilizar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Os incidentes começaram quando a multidão se deparou com um cordão de agentes policiais que protegiam o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, que ali se deslocou para avaliar o andamento da investigação e dirigir-se à imprensa.
O ministro do Interior francês indicou que os seus serviços não tinham identificado uma ameaça particular contra aquela comunidade, mas anunciou que reforçará a segurança nos seus centros enquanto a situação é analisada.
Disse também que o autor do tiroteio não estava sinalizado por radicalização, embora tenha confirmado que tinha antecedentes criminais por atos racistas.
Hoje ferido durante a sua detenção, o autor do tiroteio com três vítimas mortais será interrogado nas próximas horas para tentar apurar o móbil do seu crime.
A Procuradoria Antiterrorista aguarda esse interrogatório para determinar se se tratou ou não de um atentado terrorista.
Por enquanto, a investigação centra-se nos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, violência voluntária e violação da legislação de porte de armas, indicou a procuradora do ministério público de Paris, Laure Beccau, que também se dirigiu ao local do ataque.